Investigação

Bendine relata encontro 'oculto' com Emílio Odebrecht em São Paulo

Na ocasião, o filho de Emílio, Marcelo Odebredcht, já havia sido preso na Operação Erga Omnes, 14ª fase da Lava Jato

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Publicado em 01/08/2017 às 10:25
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Na ocasião, o filho de Emílio, Marcelo Odebredcht, já havia sido preso na Operação Erga Omnes, 14ª fase da Lava Jato - FOTO: Foto: Wilson Dias/ ABr
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O ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine manteve pelo menos uma reunião 'oculta' com o empresário Emílio Odebrecht, patriarca da empreiteira que fechou o maior acordo de delação premiada da Operação Lava Jato. A informação consta do depoimento de Bendine à Polícia Federal nessa segunda-feira (31) - ele foi preso na Operação Cobra, desdobramento da Lava Jato, por suspeita de recebimento de propina de R$ 3 milhões da Odebrecht.

Um encontro 'oculto' ocorreu no escritório de advocacia Mattos Filho, em São Paulo, segundo o próprio Bendine admitiu à PF. Nessa ocasião, em setembro de 2015, o filho de Emílio, Marcelo Odebrecht, já havia sido preso na Operação Erga Omnes, 14ª fase da Lava Jato.

A reunião com Emílio foi solicitada pelo executivo da empreiteira Fernando Reis ao publicitário André Gustavo Vieira Júnior, apontado como 'operador' de Bendine e que também foi preso na Operação Cobra. O ex-BB e Petrobras disse que Fernando Reis 'solicitou se poderia se encontrar com Emílio Odebrecht e Nilton Souza, o novo presidente do Grupo Odebrecht'.

Bendine disse, na ocasião, que o encontro 'deveria ser formalizado e que não iria participar de encontro na sede da Odebrecht'. "Nesta época, Marcelo Odebrecht já estava preso. O encontro deveria ser realizado ou na Petrobras ou em algum lugar publico ou neutro. Esse encontro ocorreu no final de setembro no escritório de advocacia Mattos Filho, em São Paulo, onde se tratou de uma reunião tensa com reclamações pesadas por parte do grupo em função de uma série de cancelamentos de negócios."

À PF, Bendine 'confessou que naquele momento, mesmo não explicitamente, se sentiu ameaçado pelo tom da conversa'. Os investigadores questionaram o ex-presidente da Petrobrás 'se não considerava impróprio fazer reunião em local oculto ao invés de realizá-la na sede da Petrobras'.

"Os proponentes (do encontro) não quiseram ir na sede da empresa (Petrobrás), dado que o depoente havia implementado uma série de medidas de identificação, controles de pessoas estranhas ao quadro em prédios da Petrobras", respondeu Bendine.

Ele disse que escolheu o Mattos Filho 'por se tratar de renomado escritório de advocacia que atendia as duas empresas, Petrobrás e Odebrecht'. Bendine afirma que ‘comunicou o fato, após a reunião, aos membros do Conselho de Administração de sua diretoria executiva’

Perguntado se a reunião estava em sua agenda oficial disse que a Petrobrás 'não utiliza tal mecanismo de controle'. Perguntado se não deveria seguir protocolo que ele próprio disse ter instituído na Petrobrás declarou que 'esse protocolo era aplicado apenas para quem ia até a empresa'.

A PF o questionou se tinha costume de fazer reuniões do interesse da Petrobras em 'ambientes privados, tal como ocorrido, como por exemplo, em apartamentos e escritórios de advocacia'. "Não, até porque, no caso explícito, escritório de advocacia era um espaço público, pois atendia Petrobras", respondeu.

Defesa

Com a palavra, o escritório Mattos Filho

"As empresas do Grupo Odebrecht são clientes do Mattos Filho Advogados há vários anos. Este cliente pediu uma sala para se reunir com executivos da Petrobras. Tal reunião ocorreu, sem que houvesse participação de ninguém do escritório".

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