SÃO PAULO

Doria afasta fiscais suspeitos de cobrar propina por propaganda ilegal

Doria afastou cinco servidores de carreira por 120 dias até que uma investigação da Prefeitura de São Paulo conclua se eles são culpados ou não

Estadão Conteúdo
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Publicado em 01/08/2017 às 8:43
Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil
Doria afastou cinco servidores de carreira por 120 dias até que uma investigação da Prefeitura de São Paulo conclua se eles são culpados ou não - FOTO: Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil
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A gestão do prefeito João Doria (PSDB) decidiu afastar ao menos seis servidores públicos suspeitos de cobrar propina para liberar propaganda ilegal na cidade. Reportagem veiculada ontem pela rádio CBN cita empresários, representantes comerciais e 14 funcionários da Prefeitura, entre os quais um prefeito regional e quatro chefes de gabinete, supostamente envolvidos em um esquema de publicidade em panfletos, cavaletes e faixas, banida há dez anos pela Lei Cidade Limpa.

Os seis funcionários foram filmados pela reportagem indicando ou negociando propina em troca da liberação da propaganda nas ruas. Cinco são servidores de carreira e serão afastados por 120 dias até que uma investigação da Prefeitura conclua se eles são culpados ou não. Um deles, Edivaldo Souza Lima, agente de apoio na Prefeitura Regional da Lapa, já foi exonerado a bem do serviço público em 2015, acusado de ter agido para liberar uma Kombi apreendida que seria da sua mulher, mas voltou ao cargo graças a uma liminar da Justiça.

O sexto funcionário é Leandro Benko, irmão do ex-vereador e atual secretário de Turismo do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Laércio Benko (PHS), que apoiou Doria na eleição de 2016. Chefe de gabinete na Lapa, ele será exonerado. "Não tem a menor possibilidade de se conviver com nenhum tipo de corrupção em nenhuma prefeitura regional", disse Doria nesta segunda-feira, 31.

Máfia

O esquema, diz a CBN, funciona há anos e foi constatado nas prefeituras regionais de Cidade Tiradentes, Lapa, Mooca, Penha, Pirituba, Pinheiros, Santo Amaro, São Mateus, Sé e Vila Prudente As propinas variam de R$ 60 a R$ 200 por cada item irregular por fim de semana e envolvem, principalmente, anúncios de imóveis e veículos.

Em uma das gravações, Benko sugere uma propina de R$ 7 mil e afirma que precisaria conversar com o prefeito regional da Lapa, Carlos Fernandes, filiado ao PPS. "São vários pratos de comida que a gente tem de dividir", disse Benko, que não foi localizado pelo Estado ontem. Já Fernandes negou envolvimento no esquema. "Não tinha conhecimento dos ilícitos denunciados, que serão agora apurados", afirmou.

Doria disse que ainda vai "avaliar" se afastará ou não o prefeito regional e outros citados pela reportagem da CBN que não aparecem nas gravações, como a chefe de gabinete da Prefeitura Regional da Vila Prudente, Regina Della Coletta, ex-assessora da vereadora Edir Sales (PSD), que integra a base de Doria na Câmara Municipal.

O secretário interino de Prefeituras Regionais, Fábio Lepique, disse que "é preciso apurar as denúncias de maneira bastante rigorosa". Ele cita levantamento mostrando que na Lapa, por exemplo, as multas da Lei Cidade Limpa subiram 587% neste ano em relação a 2016, de 33 para 227 autuações. "Temos de ter cuidado porque muita gente vende uma influência na Prefeitura e expõe o superior hierárquico sem ele saber."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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