articulação

'Temer é o escudo da classe política brasileira', diz professor

Para Adriano Oliveira, vitória de Michel Temer é reflexo da sua articulação com o Congresso e receio de parlamentares envolvidos na Operação Lava Jato

Editoria de Política
Cadastrado por
Editoria de Política
Publicado em 03/08/2017 às 12:20
Marcelo Camargo / Agência Brasil
Para Adriano Oliveira, vitória de Michel Temer é reflexo da sua articulação com o Congresso e receio de parlamentares envolvidos na Operação Lava Jato - FOTO: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Leitura:

A vitória do presidente Michel Temer (PMDB) na votação desta quarta-feira (2), onde a maioria dos deputados votou pelo arquivamento da investigação contra ele, demonstrou ainda mais o seu poder de articulação no Congresso Nacional. Na avaliação do professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e cientista político, Adriano Oliveira, os 263 votos a favor do parecer que rejeitava a denúncia por corrupção passiva são um reflexo do apoio do peemedebista no parlamento aliado ao receio de deputados que são alvos de investigações na Operação Lava Jato. 

"O presidente Temer é o escudo da classe política contra a Operação Lava Jato. A vitória de Temer ontem significa que muitos políticos entenderam o seguinte recado que eu suponho que Temer pode ter dado: 'A minha presença faz com que vocês não possam ser atingidos fortemente pela Lava Jato'", disse Adriano, em entrevista ao programa Passando a Limpo da Rádio Jornal nesta quinta-feira (3). 

Segundo Adriano, há uma necessidade de qualquer presidente da República "fazer o que Temer fez", referindo a articulação política, o que não seria nenhum ineditismo. "Qualquer presidente que precise formar uma coalizão partidária e dialogar com o parlamento precisa liberar emendas parlamentares, das quais, devemos frisar, são impositivas, precisam distribuir cargos no estado e ofertar benefícios, e atender também os lobbys, em particular os lobbys do setor produtivo. Isso é ilícito? De modo algum. É um simples fato do dia a dia, do exercício do poder". 

O cientista político garantiu que, se a ex-presidente Dilma Roussef (PT) tivesse a capacidade política de lidar com o parlamento na época em que o processo de impeachment contra ela foi instaurado, realizando acordo com os parlamentares, ela ainda estaria na Presidência da República. "Os mecanismos da política e os mecanismos para você formar uma coalizão requerem necessariamente que você distribua benefícios para os seus possíveis e futuros aliados", contou. 

Opinião pública

Para Adriano, a falta de apoio da opinião pública não prejudica Temer, já que a população não vai para as ruas. O peemedebista diz que não pretende se candidatar para as eleições de 2018. Seu maior objetivo, atualmente, é conseguir aprovar as reformas e deixar o seu legado. "O que é importante para Temer é o apoio do parlamento, foram os votos que ele conquistou ontem, foram os votos que ele irá conquistar certamente para uma frágil Reforma da Previdência, mas ele vai conquistar. O presidente temer exerce com competência a articulação política, competência essa que faltou a ex-presidente Dilma e que sobra no ex-presidente Lula", completou. 

Últimas notícias