O relator designado para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o senador Roberto Rocha (PSB-MA), afirmou que tem a intenção de convocar os irmãos Wesley e Joesley Batista para depor.
"Certamente, o Brasil espera que isso aconteça. Antes de instalar a CPI, o nosso gabinete já recebeu inúmeros e-mails sugerindo isso, de modo que não faltará senador para sugerir que eles sejam ouvidos pela comissão. Acho que isso é uma medida mais que importante, é necessária, esclarecer muitos fatos que ficaram em obscuro", contou o senador.
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A CPI do BNDES foi instalada na última quarta-feira (2), com o objetivo de investigar denúncias de fraudes e irregularidades nos empréstimos concedidos pelo BNDES no âmbito do programa de globalização das companhias nacionais desde 1997. O senador Alcolumbre (DEM-AP) foi eleito como presidente e o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) como vice.
Em especial, os alvos são os aportes do BNDES e da sua subsidiária, a BNDES Participações, concedidos ao grupo JBS, entre 2007 e 2016. Esses repasses já são investigados atualmente pela Polícia Federal, que deflagrou operação sobre o tema no mês de julho. De acordo com uma investigação do Tribunal de Contas da União (TCU), R$ 711 milhões é o prejuízo estimado de uma parceria internacional do BNDES com o grupo JBS, que tem como sócios os irmãos Batista.
O acordo de delação premiada firmado entre os irmãos Batista e o Ministério Público Federal (MPF) foi firmado sem que eles fossem denunciados criminalmente, apenas com o pagamento de multa no valor de R$ 110 milhões cada. Joesley e Wesley não correm risco de serem presos ou terem que utilizar tornozeleira eletrônica, como outros delatores da Lava Jato. O acordo permite que os irmãos morem nos Estados Unidos e continuem no controle das empresas do grupo.
"O governo americano, onde estão os irmãos Batista, vai poder saber que o Senado Federal está cumprindo com o seu dever e buscando investigar o que foi feito aqui. Foi um plano de fuga que foi feito e hoje eles estão morando nos EUA, mas eles vão ter que vir aqui para prestar os esclarecimentos à sociedade brasileira", disse o relator Roberto Rocha.
A CPI tem o prazo de 180 dias para concluir os trabalhos. Segundo o relator, na próxima semana haverá uma reunião administrativa para a apresentação de um plano de trabalho para a comissão. Já no dia 15 de julho, será realizada uma reunião para apreciação de requerimentos. A comissão tem 13 membros titulares e oito suplentes. O bloco Social Democrata, que congrega PSDB, PV e DEM, ainda precisa indicar seus suplentes.
Confira abaixo os membros para a CPI
Titulares:
Airton Sandoval (PMDB-SP)
Ivo Cassol (PP-RO)
Elmano Férrer (PMDB-PI)
Sérgio Petecão (PSD-AC)
João Alberto Souza (PMDB-MA)
Acir Gurgacz (PDT-RO)
Ronaldo Caiado (DEM-GO)
Lindbergh Farias (PT-RJ)
Davi Alcolumbre (DEM-AP)
Roberto Rocha (PSB-MA)
Ricardo Ferraço (PSDB-ES)
Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
Pedro Chaves (PSC-MS)
Suplentes:
Paulo Rocha (PT-PA)
Waldemir Moka (PMDB-MS)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Cidinho Santos (PR-MT)
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)
Gladson Cameli (PP-AC)