Pela primeira vez, nesta sexta-feira (18), a Polícia Federal deflagrou em um único dia duas fases da Operação Lava Jato. As ações, que aconteceram no Rio de Janeiro e em São Paulo, apuraram irregularidades em contratos firmados entre a Petrobras e empresas estrangeiras. Segundo o delegado Igor Romário de Paula, a PF está trabalhando "na perspectiva de que os recursos para o Ministério da Justiça e todos os ministérios estão mais escassos".
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Ao ser questionado, em coletiva de imprensa, se a prática passaria a ser comum em operações da Polícia Federal, Igor foi cauteloso. "Quando eu falo em otimização de recurso não é por que pouparam, não faltou recurso. Estamos trabalhando na perspectiva de que os recursos para o Ministério da Justiça e todos os ministérios estão mais escassos, temos que fazer mais com menos", afirmou.
Ainda segundo o delegado, havia recursos suficientes para as duas fases da Lava Jato deflagradas nesta sexta. "Foi uma opção usar o nosso efetivo para cumprir e transformar tudo numa viagem só (...) a ideia de fazer as duas operações de uma vez só foi nesse sentido. Não houve uma restrição orçamentária".
A Polícia Federal deflagrou na manhã de hoje as 43ª e 44ª fases da Operação Lava Jato, respectivamente, Operação Sem Fronteiras e Operação Abate. Foram cumpridas 46 ordens judiciais distribuídas em 29 mandados de busca e apreensão, 11 mandados de condução coercitiva e 6 mandados de prisão temporária em São Paulo/SP, Santos/SP e Rio de Janeiro/RJ.
Na Operação Abate, o ex-deputado federal Cândido Vaccarezza, líder dos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, foi preso. Ele é investigado pelo recebimento de cerca de US$ 500 mil em propina. Segundo a força-tarefa da operação que investiga o esquema de corrupção na Petrobras, entre janeiro de 2010 e março de 2012, ele usou a influência decorrente do cargo em favor da contratação da empresa norte-americana Sargeant Marine pela Petrobras, o que culminou na celebração de doze contratos, entre 2010 e 2013, no valor de aproximadamente US$ 180 milhões.
Operação Sem Fronteiras
Na chamada Operação Sem Fronteiras é investigada a relação entre executivos da Petrobras e grupo de armadores estrangeiros para obtenção de informações privilegiadas e favorecimento na obtenção de contratos milionários com a empresa brasileira.
Ao menos 3% dos contratos com as empresas gregas, que superaram US$ 500 milhões, seriam propina para políticos, funcionários da estatal e operadores financeiros.