Enfrentando forte rejeição do eleitorado e com imagens relacionadas a esquemas de corrupção, partidos políticos empreendem uma verdadeira operação para sobreviver e conseguir reeleger suas bancadas no Congresso Nacional. Pelo menos sete legendas pretendem mudar de nome e abandonar o “P” de partido, entre elas gigantes como o PMDB. O objetivo de novas denominações como Avante, Podemos e Livres é se descolar da conturbada imagem que as agremiações receberam nos últimos anos.
“Esse movimento não é novo na política brasileira. O DEM fez isso. Quando mudou de PFL para DEM, ele buscou fugir do desgaste que a sigla PFL tinha na sociedade. Agora, o mais curioso é que esses partidos estão se criando sem o nome partido. Não por acaso o PMDB está querendo voltar a ser MDB. Como se isso, de certa forma, significasse uma nova visão que a sociedade vai ter sobre o partido. É um problema mais de imagem. Cosmético mesmo. Não tem efeito algum. O grande efeito seria a mudança qualitativa na política que, ao que me parece, está muito longe de acontecer”, avalia o cientista político Marco Antônio Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas.
Para o professor Ricardo Ismael, da PUC-Rio, essa é uma mudança para enganar o eleitor. “Se eles não mudarem a forma como atuam e a composição interna dos partidos, será uma mudança cosmética, só para inglês ver”, justifica.
REFORMA POLÍTICA
Aliado a isso, parlamentares trabalham em uma reforma política que tende a manter a atual composição do Legislativo federal, favorecendo a reeleição. A principal delas é um fundo para campanhas eleitorais orçado em R$ 3,6 bilhões. A repercussão negativa da proposta, no entanto, deixou bem difícil a Câmara reunir os 308 votos necessários para a sua aprovação em Plenário. A eleição do Legislativo através do distritão também daria vantagem a políticos que já têm mandato, uma proposta, aliás, que também fica a cada dia mais difícil de passar.
“A reforma política em pauta tem sido tocada por coalizões de interesses dos próprios candidatos em busca de regras que garantam suas reeleições. É praticamente impossível que saia algum resultado que permita o aperfeiçoamento da democracia”, critica o sociólogo Aecio Gomes de Matos.