1 ANO DÓ IMPEACHMENT

Um ano após impeachment, Dilma ocupa papel secundário na política brasileira

Deputada ou senadora são os cargos que Dilma pode vir a disputar no próximo ano

Paulo Veras
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Paulo Veras
Publicado em 27/08/2017 às 9:02
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Deputada ou senadora são os cargos que Dilma pode vir a disputar no próximo ano - FOTO: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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“Se eu perder, eu estou fora do baralho”, resumiu Dilma Rousseff, em abril do ano passado. Desde que deixou o Palácio da Alvorada, evitando uma simbólica descida de rampa, a primeira mulher eleita para a Presidência da República tem sido uma figura secundária na política nacional. Vez por outra, dá sinais ao PT que pode concorrer a deputada ou senadora, já que teve os direitos políticos preservados pelo impeachment. Os governadores do Piauí, Wellington Dias (PT), e do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), fizeram convites formais para que a petista mude o domicílio eleitoral para disputar o Senado.

A ex-presidente mora em Tristeza, bairro de Porto Alegre, mas costuma viajar para o apartamento em Ipanema, no Rio de Janeiro, e uma casa que pertence à mãe, em Belo Horizonte. Depois que deixou a presidência, Dilma fez turnê internacional de palestras acusando o impeachment de ser um golpe parlamentar. Também participou de alguns eventos de esquerda no Brasil, incluindo o Congresso Nacional do PT e a visita do antecessor, Lula, à Transposição do Rio São Francisco. Tem se dedicado à leitura e aos netos e promete escrever um livro sobre o impeachment.

POUCA VOZ NO PT

De formação brizolista, Dilma foi filiada por 22 anos ao PDT, após ser anistiada como ex-militante da luta armada. Ingressou no PT em 2001, às vésperas da campanha vitoriosa de Lula à presidência. Passou com imagem de gerente pelos ministérios de Minas e Energia e da Casa Civil, mas nunca foi do núcleo duro que comandava o PT. Isso ajuda a explicar por que ela tem pouca voz na legenda pela qual se elegeu duas vezes para o mais alto cargo da República, ocupando apenas uma função no Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo.

“A presidente Dilma, na verdade, nunca foi realmente uma grande líder. Ela não era uma liderança política. Era um quadro mais técnico, que teve grande projeção no governo Lula. Mas ela não tem papel preponderante. Ela pode se eleger deputada ou senadora. Mas não terá papel de protagonista, como aliás nunca teve. Esse papel será do ex-presidente Lula”, projeta o cientista político Francisco Fonseca, professor da FGV e da PUC-SP. Para o pesquisador, a ex-presidente terá papel mais simbólico e moral para a esquerda, que enxerga o impeachment como um golpe de Estado.

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