Enquanto se defende da acusação de formação de quadrilha e obstrução de Justiça, o presidente Michel Temer desembarcou em Belém, em meio às festividades do Círio de Nazaré, em um afago a deputados do Estado e ao ministro da integração Nacional, Helder Barbalho, que é do Estado. Ele afirmou que a cerimônia desta quinta-feira (5) foi articulada e consolidada em apenas sete dias a pedido do ministro e de Raul Jungmann (Defesa).
Temer disse que sabe que precisa "fazer tudo rapidamente" e justamente por isso veio participar do evento. "Quero dizer o quanto os deputados tiveram de trabalho em torno deste tema. Nos últimos dias tive conhecimento do pleito dos deputados. Há sete dias Helder e Jungmann me procuraram para tratar esse pleito", afirmou. No fim da cerimônia, Temer posou para fotos como deputados, incluindo, Wladimir Costa (SD-PA) - que ficou conhecido por ter feito uma tatuagem falsa no ombro com o nome de Temer na época da primeira denúncia contra o presidente.
Temer, que vem a Belém pela primeira vez como presidente, dividiu o palco também com o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e ao ser lembrado durante o seu discurso que havia esquecido de citar o nome do senador fez afagos dizendo que se esqueceu "pois estão sempre juntos" e pediu aplausos a Jader.
O presidente visitou a capital paraense para ser testemunha da assinatura de um protocolo de intenções firmado pelos ministros Dyogo Oliveira (Planejamento) e Jungmann, com o arcebispo metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, para destinar à Arquidiocese de Belém uma área de 10,8 mil metros quadrados, no bairro de Nazaré. Segundo o presidente a área fará uma religação dos romeiros com a espiritualidade do Cirio de Nazaré.
Temer disse ainda que o ato de hoje não era meramente administrativo e também espiritual e afirmou que deixava a capital paraense com a alma "alma confortada, incendiada e abençoada".
Em seu discurso, Helder Barbalho afirmou que o Círio é o "natal dos paraenses" e que a melhoria na estrutura do local vai ajudar a promover o turismo local. "Queria agradecer aos ministros por terem compreendido a importância do pleito que eu fiz a vocês", destacou. O ministro quebrou o protocolo da cerimônia e pediu licença para chamar deputados estaduais para entregar uma homenagem de "titulo de cidadão" da cidade ao presidente.
Já o ministro do Planejamento disse que se sentia um "pouco paraense" já que a sua família é de Marabá e afirmou que o terreno vai ajudar a festa religiosa a ser ainda mais importante "Vivemos épocas turbulentas e nossos valores cristãos precisam ser renovados", disse Dyogo Oliveira.
Jungmann fez afagos a Helder e ao presidente Temer, a quem chamou de "grande brasileiro". "O senhor tem dado destino ao nosso país ao demonstrar que nós não estávamos fadados a crise e ao desgoverno anterior", disse. Jungmann disse ainda que Temer é o líder e responsável pelas melhorias no País e que tem certeza que "dias melhores virão".
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Olho em 2018
Além da presença do presidente, os tradicionais festejos do Círio de Nazaré atraíram para Belém dois pré-candidatos à sua sucessão em 2018: o deputado Jair Bolsonaro (RJ) e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB).
Às 14hs, Bolsonaro chega a Belém. Grupos de direita como o 'Endireita Pará' espalharam cartazes pela cidade e convocaram ativistas pelas redes sociais para receber o deputado no aeroporto.
Já o prefeito João Doria será o único "presidenciável" que vai acompanhar no sábado as quatro procissões da Nossa Senhora de Nazaré - fluvial, de moto, carro e a pé.
Sem respostas
Aos jornalistas, Temer não quis responder sobre a sanção do fundo eleitoral, aprovado na quarta-feira, 4, pela Câmara, e nem sobre a denúncia por obstrução de justiça e formação de quadrilha, que está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Depois de ouvir os questionamentos, o presidente acenou e foi embora. Temer segue agora para o Maranhão, onde fará uma visita a Base de Alcântara. Depois, o presidente retorna a Brasília.