CARTA

Temer envia carta a parlamentares e diz ser 'vítima' de conspiração

Na carta, Michel Temer prega ainda "a pacificação" e cita sua disposição de conversar e dialogar

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Publicado em 16/10/2017 às 14:07
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Na carta, Michel Temer prega ainda "a pacificação" e cita sua disposição de conversar e dialogar - FOTO: Foto: Evaristo Sá/AFP
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Preocupado com os desdobramentos da nova crise entre o Planalto e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, depois da nota distribuída pelo seu advogado Eduardo Pizarro Carnelós classificando de "vazamento criminoso" o vídeo com a delação de Lúcio Funaro, o presidente Michel Temer resolveu escrever uma carta de quatro páginas dirigida aos parlamentares não só para se defender das acusações feitas pelo operador do PMDB, mas para dar "explicações", "satisfações" e "desabafar" diante da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra ele.

"É um desabafo. É uma explicação para aqueles que me conhecem e sabem de mim. É uma satisfação àqueles que democraticamente convivem comigo", disse Temer, que não se refere à trapalhada nota de seu advogado, ou aos posteriores "esclarecimentos" dele de que chamou de vazamento criminoso porque não sabia que estava publicado no site da Câmara.

O episódio gerou um novo desgaste na relação entre o presidente da Câmara Rodrigo Maia e Temer, às vésperas da votação da segunda denúncia contra ele, no Congresso. Maia é o responsável por ditar o ritmo da votação e, nos bastidores, já promete retaliação ao presidente.

Na carta, Temer prega ainda "a pacificação" e cita sua disposição de conversar e dialogar, alegando que não acredita na tese do "nós contra eles" mas "na união dos brasileiros", com "serenidade, moderação, equilíbrio e solidariedade" certo de que, com esta carta, "a verdade dos fatos será reposta".

Temer começa a carta enviada a deputados e senadores falando da sua "indignação" e diz que, por isso, decidiu se dirigir aos parlamentares, apesar de muitos o aconselharem a não se pronunciar. "Para mim é inadmissível. Não posso silenciar. Não devo silenciar. Tenho sido vítima desde maio de torpezas e vilezas que pouco a pouco, e agora até mais rapidamente, têm vindo à luz. Jamais poderia acreditar que houvesse uma conspiração para me derrubar da Presidência da República. Mas os fatos me convenceram. E são incontestáveis", diz o presidente que passa a listar os ataques sofridos desde a delação da JBS.

Ele faz contundentes críticas à atitude do ex-procurador Rodrigo Janot que teria acertado com Joesley Batista as acusações contra ele, que reiterou serem mentirosas e fazerem parte de "uma urdidura conspiratória". "Tudo combinado, tudo ajustado, tudo acertado, com o objetivo de: livrar-se de qualquer penalidade e derrubar o presidente da República", desabafou.

Segundo Temer, a delação divulgada agora, deste "delinquente conhecido de várias delações premiadas não cumpridas para mentir, investindo contra o presidente, contra o Congresso Nacional, contra os parlamentares e partidos políticos". Depois de reiterar que é "vítima de uma campanha implacável com ataques torpes e mentirosos, que visam a enlamear meu nome e prejudicar a República", Temer se disse "indignado" de "ser vítima de gente tão inescrupulosa" e avisou que todos estes episódios "estão sendo esclarecidos".

Após agradecer o "apoio decisivo" dos deputados e senadores que "possibilitou a retomada do crescimento no País", o presidente apresenta dados da economia de hoje comparado ao período em que chegou à Presidência da República. Mais cedo, o ministro da Secretaria Geral, Moreira Franco, havia divulgado dados semelhantes em suas redes sociais.

Por fim, o presidente fala da agenda de "modernização reformista do País" que, na sua avaliação, avança com medidas aprovadas pelo Congresso como o teto de gastos públicos, lei das estatais, modernização trabalhista, reforma do ensino médio, proposta de revisão da Previdência, simplificação tributária. "Em toda a minha trajetória política a minha pregação foi a de juntar os brasileiros, de promover a pacificação, de conversar, de dialogar", disse o presidente, pregando a "união dos brasileiros".

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