O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou ao primeiro grau da Justiça Federal parte das investigações sobre o ex-ministro Geddel Vieira Lima, segundo apurou a reportagem. O caso foi encaminhado ao STF quando foram encontrados indícios da participação do irmão de Geddel, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), nos crimes investigados após a descoberta de um apartamento com o equivalente a R$ 51 milhões. Como parlamentar, Lúcio tem prerrogativa de foro perante o STF.
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Ao analisar o caso, Fachin decidiu remeter de volta à Justiça Federal de Brasília a parte da investigação sobre Geddel que apura o crime de corrupção por desvios na Caixa Econômica Federal. Já a suspeita do crime de lavagem de dinheiro - que envolve a descoberta dos R$ 51 milhões em dinheiro vivo - foi mantido na Corte.
Na justiça de primeiro grau, as investigações tendem a tramitar de forma mais rápida do que no STF. Com o desmembramento por crimes, Geddel fica na mira de investigações tanto no Supremo como na Justiça de primeiro grau.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, havia defendido em manifestação ao STF que as investigações sobre Geddel e sobre o advogado Gustavo Ferraz, suspeito de atuar em parceria com o ex-ministro, fossem encaminhadas à justiça federal - já que eles não possuem foro privilegiado. Fachin considerou que com relação ao crime de lavagem de dinheiro há indícios da participação de Lúcio Vieira Lima. Por isso, esse trecho da investigação irá tramitar no Supremo.
O despacho de Fachin e a decisão de Raquel são mantidos até o momento sob sigilo na Corte. Na justiça de primeiro grau, o caso é conduzido pelo juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara de Brasília.
Geddel está preso desde setembro
Geddel está preso desde o dia 8 de setembro, assim como Gustavo Ferraz, que admitiu ter levado uma mala de dinheiro a Salvador a pedido do ex-ministro.
Ontem, a PF fez buscas em endereços ligados a Lúcio Vieira Lima na primeira operação deflagrada a pedido da PGR desde a posse de Raquel Dodge. A Procuradoria vê indícios de envolvimento de Lúcio "no recolhimento e na guarda" do dinheiro equivalente a R$ 51 milhões. Foram feitas buscas também em endereços ligados ao secretário parlamentar do deputado, Job Ribeiro Brandão.
A suspeita dos investigadores é de que o apartamento onde o dinheiro foi encontrado tenha sido emprestado a Lúcio Vieira Lima, segundo depoimento do dono do imóvel.