O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou nesta segunda-feira (23) uma nova caravana pelo Brasil, de olho nas eleições de 2018, apesar das incertezas sobre seu futuro político, após a condenação a quase dez anos de prisão por corrupção.
Lula inaugurou sua segunda caravana de 2017 na cidade de Ipatinga, em Minas Gerais, onde apareceu ao lado de sua afilhada política e sucessora, Dilma Rousseff, deposta no ano passado, e atacou duramente a ortodoxia econômica do presidente Michel Temer, um ex-aliado que pôs fim a mais de 13 anos de governos petistas.
"Estão vendendo o nosso país (...) Temos que fazer um referendo revogatório para mudar o que fizeram", disse diante de um grupo de simpatizantes em um comício noturno no coração do Vale do Aço, sede de muitas indústrias siderúrgicas.
Corrida eleitoral
Líder em todas as pesquisas de intenção de voto, com mínimo de 35%, segundo a última consulta do Datafolha, Lula (2003-2010) enfrenta, no entanto, uma corrida arriscada na tentativa de voltar ao Planalto.
Com alto nível de rejeição entre o eleitorado (42%), o cofundador do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda) responde a sete processos na Justiça por crimes que vão de tráfico de influência a associação criminosa.
"Se não querem que seja candidato, vão às urnas e votem contra", disse, com a voz rouca, desdenhando das acusações contra ele.
Caminhando de um lado a outro do palanque, este ex-torneiro mecânico que em 27 de outubro completa 72 anos, repassou as principais políticas dos governos do PT e voltou a se mostrar como o pré-candidato mais ativo do Brasil.
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Mas seu presente diverge muito dos tempos em que era presidente, quando o Brasil era considerado o país do futuro.
Sua imagem foi carcomida por problemas com a Justiça, particularmente depois que foi condenado a nove anos e meio de prisão por receber um tríplex de luxo no Guarujá, no litoral de São Paulo, em troca de favorecer a empreiteira OAS no esquema de propinas da Petrobras.
O evento, que inaugurou uma viagem que se estenderá até 30 de outubro, transcorreu em calma, apesar de que Lula disse estar a par de que estão planejados atos de "provocadores" para intimidá-lo durante o trajeto.