CINEMATECA

Igreja nega doação de equipamentos para cinemateca da prisão de Cabral

As igrejas apontadas como doadoras, procuradas, não confirmaram a sua participação

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Publicado em 31/10/2017 às 17:05
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As igrejas apontadas como doadoras, procuradas, não confirmaram a sua participação - FOTO: Foto: Agência Brasil
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A cinemateca equipada com home theater que será instalada na prisão onde o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) está preso custará ao menos R$ 23 mil. A sala com uma TV de LED smart de 65 polegadas com Wifi, um Blu-ray Player 3D, um aparelho de som Receiver 51 e mais 160 DVDs, ficará pronta para uso nos próximos dias. A TV custa de R$ 9 mil a R$ 14 mil, o Blu-Ray de R$ 10,6 mil a R$ 12 mil, e o aparelho de som cerca de R$ 3 mil. Inicialmente, a informação oficial era a de que os equipamentos seriam doados, mas as igrejas apontadas como doadoras, procuradas, não confirmaram a sua participação.

A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio havia informado que os aparelhos foram doados pela Igreja Batista do Méier e pela Comunidade Cristã Novo Dia. O órgão divulgou um documento que trata da doação dos itens assinados pelos pastores Carlos Alberto de Assis Cerejo e Cesar Dias de Carvalho e pela missionária Clotilde de Moraes.

O presidente da Igreja Batista do Méier, João Reinaldo Purin Junior, negou a ação. A igreja publicou uma nota em seu site na qual o líder religioso afirma que "não autorizou qualquer doação de equipamentos eletrônicos a qualquer complexo penitenciário". Diz ainda que "está adotando medidas para apurar e disciplinar quaisquer membros envolvidos no episódio ocorrido, que não agiram em nome da igreja".

"A Igreja tem por hábito rejeitar quaisquer ofertas, doações e legados, quando estes tenham origem, natureza ou finalidade que colidam com os princípios éticos e cristãos exarados na Bíblia sagrada", diz a nota assinada pelo pastor. Ele não retornou pedido de entrevista da reportagem. Já a Comunidade Cristã Novo Dia informou para a reportagem que a princípio desconhece a informação da doação, mas que irá apurar.

O controle da sala instalada no presídio, conhecido como VIP, será feito por outro preso da Lava Jato, o ex-secretário de governo de Cabral, Wilson Carlos Carvalho, condenado a 45 anos de prisão por corrupção. Ele reduzirá em um dia a sua pena a cada três dias que passar no local cuidando dos DVDs e do tempo que cada preso ficará assistindo aos filmes.

Já o acesso dos internos a essa videoteca será definido pelo diretor da prisão. Ele que estabelecerá dias e horários de cada galeria para usufruir do benefício.

De acordo com a nota da Secretaria de Administração Penitenciária enviada à reportagem, "a instalação de videotecas nas unidades prisionais estão dentro das previsões da Lei de Execuções Penais que cita a ressocialização dos internos".

"Cabe ressaltar que na Cadeia Pública José Frederico Marques (presídio de Benfica), tal videoteca está sendo instalada e funcionará nos mesmos moldes das outras unidades, com doação total dos equipamentos feitos pela referida igreja". "Esclarecemos que também há videotecas em unidades prisionais como Pedrolino Werling de Oliveira, Instituto Penal Benjamim de Moraes Filho, Penitenciária Moniz Sodré e Unidade Materno Infantil, todas atendidas com equipamentos doados", informou a nota.

A Seap informou ainda que "o interno Wilson Carlos Cordeiro da Silva Carvalho foi classificado para trabalhar na referida videoteca, também dentro das previsões da Lei de Execuções Penais". "Nesse caso, o interno que trabalha tem direito a remissão de pena. A cada três dias trabalhados ele tem um dia a menos na sua pena", afirmou. Acrescentou que "o acesso dos internos não será todos os dias", informou.

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