ELEIÇÕES 2018

'Bolsonaro é uma bolha e vai desidratar', avalia cientista político

Durante debate da Rádio Jornal, professores avaliaram o cenário para 2018 e disseram que o discurso de Bolsonaro é muito 'simplista'

Da editoria de Política
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Publicado em 06/12/2017 às 15:23
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Durante debate da Rádio Jornal, professores avaliaram o cenário para 2018 e disseram que o discurso de Bolsonaro é muito 'simplista' - FOTO: Foto: Marcelo Camargo/ABr
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'Jair Bolsonaro é uma bolha e deve desidratar durante a campanha presidencial'. A avaliação foi feita pelo cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Adriano Oliveira que participou do debate da Rádio Jornal. Para ele, Bolsonaro preenche campo do antipetismo no Brasil e deve perder esse espaço com a possível crescente de um candidato do PSDB, possivelmente o governador Geraldo Alckmin, que terá mais tempo de TV e maior estrutura partidária. “Em dado momento, você terá a queda do Bolsonaro. Ele é um candidato de um minuto de TV, com partido pequeno e sem recursos para fazer campanha eleitoral e apostam equivocadamente no seu discurso das redes sociais”, comentou.

O professor ainda destaca que o nome apoiado pelo presidente Michel Temer (PMDB), ou o próprio Temer, terá uma “boa herança” caso ocorra uma melhora na economia do País. Com isso, esse candidato conseguirá levar votos dos que não votam de forma alguma no PT e na prática, podem retirar votos que iriam para Bolsonaro. “Vejo como possível a candidatura do governo Temer caso seja aprovada a reforma da Previdência. Ele terá confiança do mercado e terá condições de vir disputar com o candidato do PT”, disse.

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Em contraponto, o economista Sérgio Buarque avaliou que a imagem de Temer está desgastada demais para uma candidatura, mas pode ajudar nomes como o do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que é cotado para disputar a presidência com apoio de partidos de centro como PTB, PR, PSD e do PMDB. “Temer pode ajudar um outro candidato por possuir tempo de televisão e recursos do fundo partidário. Ainda assim, acho que está muito embolado”, avaliou.

Outro que defende uma queda nos números do deputado federal Jair Bolsonaro, caso ele dispute a presidência, é o doutor em ciência política Antonio Henrique Lucena. “Bolsonaro tem um discurso muito simplista, que atinge uma certa parcela da população, mas existe outra parcela que não vota nele de jeito nenhum. Pelas entrevistas que tenho observado, ele tem dificuldade de criar um discurso economicamente coerente, ele é instável”, ressaltou.

Lula segue na liderança para 2018

De acordo com pesquisa Datafolha divulgada no último sábado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue na liderança das intenções de voto para as eleições do ano que vem em todas as simulações para votações em primeiro e segundo turnos. Lula tem 34%, seguido por Bolsonaro (17%), Marina Silva (9%), Geraldo Alckmin e Ciro Gomes (6% cada).

Em confrontos no segundo turno, Lula venceria em todos os cenários de disputa. Contra Alckmin (PSDB), o petista venceria por 52% a 30%. A votação seria 48% a 35% na disputa com Marina (Rede) e 51% a 33% contra Bolsonaro (PSC). Em situações sem Lula na corrida eleitoral, Bolsonaro lidera em todas as simulações de primeiro turno, oscilando entre 21% e 22%. Mas o deputado perderia numa disputa em segundo turno para a candidata Marina Silva: 46% a 32%.

O instituto fez 2.765 entrevistas entre 29 e 30 de novembro, em 192 cidades. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos. O levantamento foi o primeiro divulgado após o fortalecimento do nome de Alckmin como candidato tucano ao Planalto.

Os professores também avaliaram a liderança de Lula nas recentes pesquisas e disseram que o ex-presidente tem força por uma “memória positiva” que seu primeiro governo deixou. “Sempre deixei claro da possibilidade de Lula não ser um defunto eleitoral. Ele passou por desgaste, mas os eleitores votariam nele em virtude da memória positiva. Além disso, as reformas de Temer são consideradas impopulares e acabam atraindo os eleitores que deixaram Dilma e Lula pelas notícias de corrupção”, comentou.

Ainda assim, os professores avaliaram que a rejeição ao nome de Lula ainda é muito grande. Na pesquisa Datafolha, 39% dos eleitores não votariam no petista de jeito nenhum, número ainda alto, abaixo apenas do péssimo índice ostentado por Michel Temer (PMDB), rejeitado por 71% dos entrevistados.

O índice de rejeição de Lula, no entanto, é o mais baixo desde os 30% obtidos por ele em setembro de 2006, pouco antes de ser reeleito presidente da República. Também fica próximo dos 33% que ele tinha em agosto de 2002, durante a campanha que o levaria pela primeira vez à Presidência. A situação para Lula já foi muito pior nesse quesito. Em março de 2016, a rejeição a ele atingiu 57%. Foi neste mês que a então presidente Dilma Rousseff (PT) tentou nomeá-lo ministro-chefe da Casa Civil, uma iniciativa que repercutiu muito mal junto à população por ter passado a ideia de que o objetivo era protegê-lo da Lava Jato.

Petista pode ficar de fora da eleição

O petista ainda aguarda o julgamento de sua apelação contra a sentença que o condenou à prisão no processo do tríplex. Ele recorre em liberdade enquanto espera que a Oitava Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, a segunda instância dos processos da Operação Lava Jato, diga se confirma ou não a decisão do juiz federal Sergio Moro que, em julho, determinou pena de nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

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Há a projeção de que o julgamento seja marcado no primeiro semestre do ano que vem. Pré-candidato do PT ao Planalto, Lula pode ficar inelegível, com base na lei da Ficha Limpa, caso a Oitava Turma confirme a condenação de Moro. Ele também poderá passar a cumprir sua pena, em regime fechado, a partir do julgamento dos três desembargadores no caso de condenação.

Para Sérgio Buarque, se Lula não for o candidato do PT, dificilmente seus votos seguirão para outro nome. “Não acredito que ele transfira votos para nenhum outro candidato, não acontece mais o que houve com Dilma. Acho que por ele ser o mito Lula, que está consolidado no imaginário, é difícil. A própria Dilma já se elegeu com dificuldade e ele está contaminado pelas questões da corrupção, mais do que outros. Embora, como parece que que todo mundo está melado, pode ser que isso não interfira muito, mas ele está muito melado”, comentou.

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