Enquanto prepara junto com a sua defesa as repostas para as 50 perguntas que lhe foram encaminhadas pela Polícia Federal (PF) no inquérito sobre suposto esquema de corrupção no Porto de Santos (SP), o presidente Michel Temer recebeu na manhã desta segunda-feira, 15, no Palácio do Planalto, o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia.
O encontro foi incluído pela manhã na agenda oficial e contou com a participação do subchefe de Assuntos Jurídicos da casa Civil, Gustavo do Vale Rocha, que está substituindo o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), que está em férias.
O tema do encontro, segundo o Broadcast apurou, foi segurança pública e o papel da Polícia Federal nas ações desta área.
Na última sexta-feira, 12, o presidente teve um encontro com seu advogado, Antonio Claudio Mariz, em São Paulo. Mariz afirmou ao Broadcast que Temer vai responder a todas as perguntas, apesar de sua defesa considerar alguns dos questionamentos "impertinentes". Ao contrário do ano passado, quando em junho ignorou a PF e não respondeu a nenhuma das 82 indagações feitas no âmbito de outro inquérito - sobre corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa no caso do Grupo J&F -, desta vez o presidente decidiu responder.
As respostas deverão ser protocoladas no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta semana. O relator do inquérito na Corte é o ministro Luís Roberto Barroso. O ponto central da investigação é um decreto que teria favorecido uma empresa que atua no Porto de Santos.
Lava Jato
Também na semana passada, Segovia afirmou que pretende concluir até o final deste ano as investigações da PF no âmbito dos inquéritos que tramitam no Supremo, inclusive nos casos relacionados à Operação Lava Jato e à apuração do suposto pagamento de propina da empresa Rodrimar para o presidente Michel Temer.
A Polícia Federal mais que dobrou a equipe da Lava Jato que atua nos inquéritos envolvendo políticos no STF para tentar encerrar as investigações antes das eleições deste ano. Segovia autorizou o nomeação de mais 8 delegados, 7 escrivães e 17 analistas para atuar no Grupo de Inquérito (GINQ) responsável pelas 273 investigações em andamento na Corte. No STF tramitam os casos envolvendo políticos com foro por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado.
Sobre o inquérito de Temer, Segovia disse que aguarda as respostas do presidente às 50 perguntas formuladas pela Polícia Federal "para que seja tomado um novo passo na investigação".
Na semana passada, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Temer elogiou as declarações de Segovia concluir até dezembro todas as investigações sobre políticos com mandato e com foro no Supremo Tribunal Federal: "Isso é ótimo. Tira esse peso de cima das pessoas".