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Humberto Costa diz que intervenção no Rio é 'bolsonarização' de Temer

Para o senador Humberto Costa (PT) a intervenção militar no Rio é 'desnecessária e dispendiosa' e afirmou que há outros objetivos por trás

Da editoria de Política
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Publicado em 19/02/2018 às 17:40
Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado
Para o senador Humberto Costa (PT) a intervenção militar no Rio é 'desnecessária e dispendiosa' e afirmou que há outros objetivos por trás - FOTO: Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado
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O senador Humberto Costa (PT-PE) criticou, nesta segunda-feira (19), o governo federal por não oferecer justificativas para a decisão de intervir na segurança pública no estado do Rio de Janeiro. O petista criticou igualmente a criação de um Ministério da Segurança Pública, a seu ver desnecessária e dispendiosa, e afirmou que há outros objetivos por trás dessa medida e da intervenção no Rio.

"É um processo de "bolsonarização" desse governo. E como Temer sabe que não há como influenciar as classes populares, a classe média esclarecida, ele vai tentar influenciar o eleitorado que hoje caminha no campo da direita e da extrema-direita e, lamentavelmente, as forças armadas estão sendo usadas com um propósito nitidamente político", afirmou.

O senador também lamentou que medida de tal gravidade tenha sido adotada sem que o Conselho da República fosse ouvido antes. Humberto participou da reunião do Conselho no Palácio da Alvorada, como líder da minoria no Senado, e disse que  decidiu se abster no encontro pela falta dessas justificativas e por ainda não ter consultado a oposição sobre o assunto.

INTERVENÇÃO EM OUTROS ESTADOS

O senador disse que estranhou a intervenção no Rio de Janeiro, quando, segundo ele, outros estados enfrentam uma situação de segurança bem pior, caso de Sergipe, Alagoas, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Pernambuco. E também questionou a origem dos recursos para financiar tal operação. 

Segundo Humberto, se o governo editou um decreto de intervenção para atacar o problema da segurança pública no Rio, pode se sentir autorizado a agir da mesma forma com estados onde se registra forte presença do crime organizado e mais mortes violentas por 100 mil habitantes do que em qualquer lugar do País.

“Como o governo vai agir nesses locais? Por que o Rio Grande do Norte, que teve uma crise penitenciária aguda recentemente, seguida de uma onda de violência nas ruas das cidades, não teve tratamento parecido? Fiz todas essas perguntas na reunião e não obtive respostas”, contou.

O senador avalia que a real intenção do decreto é tentar "sair das cordas bambas da popularidade junto à população, usando as Forças Armadas para querer obter alguma credibilidade". “Nesse jogo, as Forças Armadas estão sendo usadas com propósito nitidamente político. Temer deu as costas à segurança pública e sucateou todo o sistema desde que assumiu a cadeira que usurpou de Dilma e, agora, quer fazer uso político das Forças Armadas para enfrentar o sério problema da criminalidade”, concluiu.

JUNGMANN DEFENDE INTERVENÇÃO

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, minimizou nesta segunda-feira (19), em entrevista à Rádio Jornal, as críticas de especialistas em segurança pública à intervenção do governo federal no Rio de Janeiro.

Para ele, “especialista vai ser crítico e é o papel dele”. Jungmann defendeu que uma pesquisa feita pelo Ibope apontou que o 83% da população apoiam a medida. “Fale com taxista, fale com universitário, fale com o povo da rua, fale com comerciante. Eles aplaudem de pé essa intervenção federal”, afirmou.

Segundo fontes do Palácio do Planalto à Folha de S. Paulo, o levantamento foi realizado na última sexta-feira (16) com 1,2 mil moradores do Rio. Além dos 83% que aprovam a intervenção, 12% disseram não aprovar a medida 5% não quiseram ou não souberam opinar. Jungmann ainda disse que em outros estados onde também há violência a população está “sonhando com essa intervenção federal”.

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