O Brasil está preparado economicamente para as eleições deste ano, segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. "Estamos entrando em ano eleitoral com inflação controlada, juro baixo, país crescendo. Com a situação de curto prazo controlada. O orçamento cumprido melhor que a meta de 2017 e o de 2018 na meta e cumprindo o teto [dos gastos públicos]", disse nesta quinta-feria (1º) em coletiva de imprensa.
A insegurança gerada pelas eleições é, de acordo com o ministro, um dos fatores que levou ao rebaixamento do Brasil pelas agências de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) e Fitch Ratings. "Se tiver possível ganhador [da eleição para Presidência da República] que voltar atrás ou não fizer reformas ou não prosseguir na trajetória, evidentemente que isso vai gerar turbulências na economia", disse.
Para o ministro, é natural a nota dada pelas agências que adotaram uma posição de cautela. Meirelles disse que além das eleições, as agências de risco observam outros dois fatores, como a consolidação do crescimento econômico e a reforma da Previdência.
Meirelles destacou o compromisso com a reforma da Previdência como um dos fatores para que haja estabilidade econômica. Segundo ele, é necessário que o mercado tenha "confiança que será votada e aprovada". Em termos práticos, o adiamento da reforma devido à intervenção federal do Rio de Janeiro não terá grandes efeitos econômicos até 2019. Os maiores impactos se darão em um prazo de dez anos, de acordo com o ministro.
Nessa semana, o ministro reuniu-se com representantes da agêcia Moody’s, que ainda não se posicionou em relação a um possível rebaixamento da nota do Brasil. O ministro não comentou o que foi discutido na reunião, mas avaliou o posicionamento das outras duas agências que, segundo ele, estão "mantendo uma posição de cautela".
A classificação de risco por agências estrangeiras representa uma medida de confiança dos investidores internacionais na economia de determinado país. As notas servem como referência para os juros dos títulos públicos, que representam o custo para o governo pegar dinheiro emprestado dos investidores.
Para o ministro, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzidas no país, de 1% em 2017, divulgado hoje (1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica crescimento sólido e confirma a previsão de crescimento de 3% para este ano.
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Investimentos
O ministro destacou que os investimentos cresceram 2% no quarto trimestre sobre o trimestre anterior, embora o resultado anual ainda tenha sido negativo (1,8%). O ministro avaliou que durante o ano houve queda porque, com a recessão dos anos anteriores, as empresas tinham uma capacidade ociosa. “As empresas começaram a usar a capacidade já instalada para aumentar a produção e depois começaram a investir fortemente para o crescimento de 2018”, explicou.
Autonomia do BC
Meirelles confirmou que está em discussão no governo o projeto de autonomia do Banco Central. Para o ministro, não é ideal que o BC tenha duplo mandato, ou seja, tenha como meta controlar a inflação e o crescimento econômico, simultaneamente.
“Acho que é importante que fique claro que o Banco Central tenha o mandato de controlar a inflação”, disse Meirelles. Segundo ele, a preocupação com o mandato único (controle da inflação somente) é que haja “exageros”, com inflação abaixo do piso ou acima do teto da meta. Por isso, será incorporado no projeto de autonomia, a obrigação de se cumprir o sistema de metas de inflação.