A Polícia Civil concluiu ontem o inquérito sobre o caso de agressão contra o empresário Carlos Alberto Bettoni, de 57 anos, atacado em frente ao Instituto Lula, em São Paulo, por apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 5 de abril - dia em que a prisão do petista foi decretada. O caso agora foi encaminhado para o Fórum Criminal Central da Barra Funda.
Bettoni fazia parte de um pequeno grupo de pessoas que realizava uma manifestação pela prisão de Lula e provocava os petistas que entravam e saíam do prédio, localizado no bairro do Ipiranga. Ele teria gritado palavrões quando o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e Márcio Macedo, um dos vice-presidentes do PT, entraram no instituto. A provocação deu início a uma confusão e algumas pessoas que acompanhavam os petistas expulsaram o homem para a rua em frente ao prédio, onde foi agredido.
Quando tentava atravessar a pista, recebeu um chute de um apoiador de Lula. Ele bateu a cabeça na caçamba de um caminhão que passava na hora e caiu desacordado. Jornalistas e outras pessoas que testemunharam a cena pediram socorro. Depois de alguns minutos desacordado, o empresário despertou e se dirigiu ao hospital São Camilo, que fica em frente ao instituto. Bettoni continua internado na Unidade de Tratamento intensivo (UTI).
Segundo o delegado Wilson Zampieri, o depoimento foi tomado no próprio hospital e a vítima teria dado mais detalhes sobre os agressores. "Ele contou sobre como estavam vestidos seus agressores e dado outros detalhes, por exemplo", disse Zampieri. Além da vítima, policiais que estavam no local da agressão também teriam prestado depoimento.
A polícia já havia indiciado o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Paulo Caires, conhecido como Paulão, por lesão corporal dolosa grave. Além dele, também foram indiciados o ex-vereador de Diadema Manoel Eduardo Marinho, conhecido como Marinho do PT, e seu filho, Leandro. Maninho e o filho foram filmados por reportagem da TV Globo empurrando Bettoni várias vezes, até o empresário cair na rua e bater com a cabeça.
No depoimento ao delegado, Cayres negou que tenha participado de qualquer agressão e acrescentou ter um marca-passo - o que inviabilizaria a participação em uma luta corporal ou qualquer outro esforço físico.
Também em depoimento à polícia, Marinho e o filho disseram que empurraram o empresário para se proteger. Na ocasião do indiciamento, a defesa de Maninho e de Leandro lamentou o episódio no Instituto Lula e disse ter se tratado de uma "fatalidade".
Bettoni, que continua hospitalizado, foi submetido a uma cirurgia para retirada de um coágulo na cabeça. "As perspectivas são positivas, mas como foi um choque na cabeça todo o cuidado é pouco", disse a mulher do empresário, Teresinha Quaresma. "Hoje (ontem) foi aniversário dele. Levamos um bolinho e ele pareceu bem melhor. O estado de saúde dele é estável, mas ainda não existe previsão de alta", completou. Os advogados de Bettoni ainda não tiveram acesso ao inquérito concluído - o que deve ocorrer na segunda-feira.
Antipetista. No último dia 5, Bettoni saía do podólogo no Ipiranga, na zona sul de São Paulo, mesmo bairro do Instituto Lula. Crítico ao PT, resolveu passar na porta do prédio, onde quadros do partido se reuniam, e observar a movimentação. Lá, ao encontrar um grupo de manifestantes que protestavam contra o ex-presidente, teria xingado políticos do PT, o que provocou reação dos petistas que estavam no local.
Bettoni, segundo a família, não seria fanático por política. Sem preferência partidária, ainda não teria escolhido um candidato para as eleições deste ano. Ele e Teresinha votaram em Aécio Neves, do PSDB, em 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.