ENTREVISTA

'Bolsonaro é um político igual a todos que estão aí, até pior', diz Cristovam

O senador Cristovam Buarque disse não entender porque o povo cansado dos políticos vai votar num político 'tradicionalíssimo' como Bolsonaro

Da editoria de Política
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Publicado em 05/06/2018 às 10:59
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O senador Cristovam Buarque disse não entender porque o povo cansado dos políticos vai votar num político 'tradicionalíssimo' como Bolsonaro - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta terça-feira (5), o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) disse que o Brasil corre risco nas eleições deste ano por poder chegar a um segundo turno com candidatos extremistas. O parlamentar citou Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT) e disse que a eleição pode ser disputada entre a "catástrofe e o desastre". "Ciro representa a ameaça dos que querem rasgar a aritmética fiscal, Bolsonaro representa os que querem rasgar a Constituição, quero alguém que seja responsável com os gastos públicos e que perceba que as mudanças que ocorrem no mundo e no Brasil exige reformas que eram tabu", comentou o senador.

Cristovam Buarque é membro do autointitulado 'polo democrático', formado por parlamentares do PSDB, DEM, PPS, PSD, PTB e PV. O grupo tenta evitar a fragmentação dos partidos do "centro" na eleição presidencial, unindo esforços para articular um palanque único na disputa. O movimento conta com a chancela do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Corremos um risco que o segundo turno seja entre a catástrofe e o desastre, duas posições extremadas. Então o grupo faz um apelo aos candidatos para que encontrem um candidato que possa representá-los com mais chances de chegar ao segundo turno. Colocamos alguns critérios necessárias para ver quem se enquadra como o respeito à Lei da Ficha Limpa, respeito às prioridades sociais, respeito à aritmética fiscal, ou seja responsabilidade", disse.

As críticas de Cristovam a Bolsonaro e Ciro não são em vão. Ambos aparecem liderando pesquisa do DataPoder360, divulgada nesta terça-feira, e devem entrar no alvo de outros pré-candidatos ao Planalto. "A história do Bolsonaro no Congresso é estatizante, é controladora da economia. A culpa do crescimento dele é nossa dos democratas, ele cresce pois o povo cansou de nós políticos de hoje. O que não sei é como o povo não percebe que o Bolsonaro é um político igual a todos que estão aí, até pior. Muitos estão aí individualmente, ele está com filhos. Não entendo porque o povo cansado dos políticos vai votar num político, tradicionalíssimo", comentou o senador.

CANDIDATURA DO CENTRO

Um dos critérios para a união em torno de um candidato único de centro é a avaliação das pesquisas de intenção de voto. A sigla tucana, porém, não aceita que este seja o único. Segundo o deputado Marcus Pestana (MG), secretário-geral do PSDB, a ideia é iniciar conversas a partir desta quarta-feira, 6, com oito pré-candidatos: Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB), Alvaro Dias (Podemos), Flávio Rocha (PRB), Rodrigo Maia (DEM), Paulo Rabello de Castro (PSC), Josué Gomes - nome que passou a ser cogitado pelo PR - e até Marina Silva (Rede).  

O projeto surgiu no mês de maio, em um jantar na casa do deputado Heráclito Fortes (DEM-PI), em Brasília. Também participaram do encontro o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann (PPS-PE), o ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM-PE) e os deputados Jarbas Vasconcelos (MDB-PE).

Em manifesto, o grupo afirma que "à direita, se esboça o surgimento inédito de um movimento com claras inspirações antidemocráticas. À esquerda, um visão anacrônica alimenta utopias regressivas de um socialismo autoritário", diz o documento. Em outro trecho, o texto afirma que a união das forças do "polo democrático" é essencial para que o futuro "não seja espelhado em experiências desastrosas como a vivenciada pelo povo venezuelano". 

O manifesto também prega reforma previdenciária, "descentralização radical", com fortalecimento do poder local, e uma mudança estrutural no sistema tributário que promova o ajuste fiscal sem aumentar impostos. "Vejo gente dizendo que não tem que fazer reforma da previdência ou trabalhista, mas para mim quem é contra as reformas não é de esquerda. Tenho escutado Ciro contra reformas, tenho medo de quem não explicita que vai respeitar a aritmética fiscal, sabemos que o pior inimigo do povo e o pior gesto de corrupção é a inflação que rouba de todos, então temo muito aqueles que tomam posições que levam a irresponsabilidade fiscal e temo os que dizem isso para ganhar eleição e quando chegar ao poder vão se comportar cometendo estelionato na história do Brasil", disse Cristovam Buarque.

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