Em depoimento prestado na manhã desta terça-feira (5), pela primeira vez desde que foi condenado e preso pela Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o seu compromisso 'é com a verdade' e que está 'cansado de mentiras'. "No Brasil, não tem nenhum brasileiro que quer mais a verdade do que eu", declarou. O petista presta depoimento como testemunha de defesa do ex-governador fluminense Sérgio Cabral (MDB). As informações foram divulgadas pelo portal UOL.
Preso desde novembro de 2016, Cabral é acusado, entre outros crimes, de liderar organização criminosa que teria desviado até R$ 1 bilhão entre 2007 e 2014. O depoimento, dado ao juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio, aconteceu às 10h, por videoconferência.
Momentos
Após algumas tentativas de interrupção por parte de Bretas, Lula retrucou: "Mas isso aqui não é um depoimento de sim ou não". O petista disse que em nenhum momento ouviu informações sobre negociação de votos para escolher o Rio como sede da Olimpíada.
Segundo o portal, Lula ainda defendeu com vigor a campanha que levou à escolha do Rio de Janeiro e afirmou lamentar que uma denúncia de compra de votos surja oito anos depois da escolha. A escolha do Rio ocorreu em 2009. "Vivemos um momento de denuncismo", afirmou Lula, mas foi interrompido por Bretas, que pediu que Lula se focasse em responder aos advogados de defesa de Cabral.
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No final do depoimento, Bretas elogiou Lula pelo comportamento durante a audiência e citou um fato pessoal. "Aos 17 ou 18 anos, eu estava aqui em um comício na avenida Presidente Vargas, vivíamos um momento diferente no país. Estava lá usando um boné e uma camiseta no seu nome", declarou ele. Expressando um sorriso, Lula respondeu: "Pode voltar agora. Quando eu fizer um comício agora vou chamar o senhor para participar", completou o ex-presidente.
Relembre
Preso desde novembro de 2016, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) é acusado de coordenar uma organização criminosa que atuou em setores como transportes, saúde e obras em seus dois mandatos como governador (2007-2014) e movimentou mais de R$ 1 bilhão em propinas, segundo a Procuradoria da República.
Em 30 de maio, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) confirmou a condenação do ex-governador e manteve a pena em 14 anos e 2 meses, sendo essa a primeira condenação em 2.ª instância do emedebista. A defesa de Cabral diz que vai recorrer nas Cortes de Brasília.