A Anistia Internacional organizou uma manifestação na manhã desta quarta-feira (13) para cobrar do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro um papel mais ativo nas investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, que completam 90 dias nesta quinta-feira (14).
A assessora de Direitos Humanos da entidade, Renata Neder; a viúva de Marielle, Mônica Benício, e o pai da vereadora, Antônio Francisco da Silva, além de participarem do ato, se reuniram com o procurador-geral do Ministério Público do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, para pedir a atuação estratégica do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) e do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
"A gente espera que o procurador-geral se pronuncie reafirmando seu compromisso absoluto com a solução adequada desse caso", disse Renata, que destacou que o Ministério Público precisa averiguar se a condução das investigações tem sido adequada e se não há negligência.
A entidade entregou um ofício ao procurador-geral. Ele reafirmou o compromisso com a elucidação dos crimes. "É importante que cheguemos aos verdadeiros culpados. É obvio que uma investigação dessa magnitude, dessa complexidade, leva um período significativo, e não estamos abrindo mão de qualquer tipo de informação ou relacionamento".
Marielle e Anderson foram assassinados em 14 de março, e as investigações sobre o crime seguem sob sigilo, apesar de uma série de informações já terem sido divulgadas pela imprensa.
Para a Anistia Internacional, é importante que o sigilo seja preservado, mas o silêncio sobre o caso reforça a sensação de impunidade.
"É uma questão de priorizar recursos, priorizar tempo, priorizar atenção e se decidir politicamente que esse caso não vai ficar sem solução. E é isso que a gente espera das autoridades, que se comprometam publicamente", disse Renata.
A diretora executiva da Anistia Internacional, Jurema Werneck, também cobrou do Ministério Público. “Para garantir a competência e independência na apuração do caso, o Ministério Público deve exercer seu poder de investigação e cumprir seu papel de controle externo das atividades policiais através de seus grupos especializados. É preciso ainda que o processo seja realizado em tempo hábil, siga todos os padrões éticos e o devido rito legal”.