O presidente eleito Jair Bolsonaro justificou os depósitos de Fabrício José de Queiroz (ex-assessor de seu filho Flávio) na conta de sua mulher, Michelle Bolsonaro, como pagamento de empréstimos feitos por ele ao ex-funcionário, mas não explicou porque o ex-funcionário e sua filha, Natália, foram exonerados em outubro, após o primeiro turno da eleição. O presidente eleito disse que não declarou as operações ao Imposto de Renda porque as dívidas foram se avolumando.
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"O empréstimo foi se avolumando e eu não posso, de um ano para o outro, (colocar) mais R$ 10 mil, mais R$ 15 mil. Se eu errei, eu arco com a minha responsabilidade perante o fisco. Não tem problema nenhum", declarou.
Bolsonaro explicou que conhece Fabrício Queiroz, ex-funcionário do gabinete de seu filho, o deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro, desde 1984. Nesse período, disse, a relação entre dois se intensificou. O presidente eleito disse não ter se encontrado com Queiroz após a divulgação das investigações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre a movimentação atípica de R$ 1,23 milhão, entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017.
"Eu não conversei com ele. Se ele quiser conversar comigo mas acho que não seria prudente", declarou, após participar de um evento na Escola Naval.
"MOVIMENTAÇÃO NORMAL"
Para o presidente eleito, a movimentação entre as contas de Queiroz e outros membros de seu gabinete é normal. Da mesma forma, disse considerar normal que a filha do funcionário de Flávio Bolsonaro trabalhasse em seu gabinete. De acordo com o Coaf, ela repassou mais de R$ 84 mil ao pai no período pesquisado.
Segundo Bolsonaro, a movimentação identificada pelo Coaf ocorreu no último ano, mas os empréstimos começaram "lá atrás". "Já o socorri financeiramente em outras oportunidades. Nessa última, houve um acúmulo de dívidas da parte dele para comigo e ele resolveu me pagar em cheques", disse, frisando que recebeu dez cheques de R$ 4 mil.
Bolsonaro frisou que os recursos pertencem a ele e não a Michelle e disse esperar que Queiroz se explique; afirmou, ainda, que existem mais de 600 mil pessoas na malha fina do imposto de renda. "Na conta do Queiroz não tenho nada a falar. Foi na (conta) da minha esposa pode considerar na minha conta", disse. "Não quer dizer que eles sejam criminosos", completou.