O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, destacaram nesta sexta-feira (28), no Rio de Janeiro, a "nova aliança" que trará maior cooperação econômica e militar entre os dois países.
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O encontro, histórico por se tratar da primeira visita de um primeiro-ministro israelense ao Brasil, faz parte dos novos alinhamentos geopolíticos do futuro governo de direita de Bolsonaro, que assumirá a Presidência em 1º de janeiro.
Israel tem a expectativa de que Bolsonaro transfira a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv a Jerusalém, como anunciou em novembro.
Netanyahu considerou na ocasião que se tratava de um anúncio "histórico", embora o presidente eleito tenha dito que a decisão - que poderia provocar represálias comerciais dos países árabes, importantes compradores de carne brasileira - ainda não tinha sido tomada.
Nas declarações que chegaram à imprensa não houve menções à transferência de embaixada, um passo já dado pelos Estados Unidos no governo de Donald Trump, de quem Bolsonaro também pretende se aproximar. No avião que o trouxe ao Brasil, Netanyahu assegurou que a questão seria abordada.
O Estado hebreu considera toda a cidade de Jerusalém como sua capital, enquanto os palestinos aspiram a que Jerusalém oriental venha a se tornar a capital de seu futuro Estado.
Para a comunidade internacional, o estatuto da Cidade Santa tem que ser negociado entre as duas partes e as embaixadas não devem ser instaladas ali sem um acordo ter sido alcançado.
Até agora, o Brasil, onde vivem comunidades judaicas e árabes, manteve esta postura.
Israel tem um acordo de livre-comércio com o Mercosul, que o Brasil integra com Argentina, Paraguai e Uruguai. A troca bilateral entre o maior país da América Latina e Israel alcança 1,2 bilhão de dólares. Bolsonaro disse na terça-feira que está buscando importar tecnologia israelense para produzir água para o nordeste do Brasil, historicamente castigado pela seca.
"Brasil, terra de promessas"
O que ficou evidente foi uma troca de elogios e de boas intenções com relação ao futuro.
"Mais do que parcerias, seremos irmãos no futuro, na economia, tecnologia, e tudo aquilo que possa trazer benefício para os dois países", declarou Bolsonaro, ao receber Netanyahu para um almoço no Forte de Copacabana.
"É difícil acreditar que não tivéssemos contatos como este antes. Porque a irmandade, a aliança que você mencionou é real e pode nos levar muito longe. Israel é a terra prometida, o Brasil é a terra das promessas", respondeu o primeiro-ministro ao presidente eleito.
Netanyahu, que decidiu fazer esta visita apesar da difícil situação política e judicial que enfrenta no seu país e das tensões dos últimos dias entre Israel e Síria, disse, ainda, que Bolsonaro "aceitou" seu convite para visitar Israel.
O futuro presidente disse que a visita ocorreria "antes de março".
"Juntos, mas com outros países como os Estados Unidos, que pensam e têm uma ideologia parecida com a nossa, temos tudo para nos ajudarmos e fazer o bem para nossos países", declarou mais tarde em um encontro com a comunidade judaica em uma sinagoga.
Encontro com Pompeo
O primeiro-ministro israelense será, ao lado do presidente chileno, Sebastián Piñera, e do premiê húngaro, Viktor Orban, um dos principais líderes mundiais presentes na posse de Bolsonaro, um nostálgico da ditadura militar (1964-1985), com um discurso anticorrupção e de linha dura contra a violência.
À margem dos atos oficiais, Netanyahu se reunirá também ali com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.
Na semana passada, o premiê israelense mostrou-se pela primeira vez em desacordo com o presidente americano, Donald Trump, que anunciou a retirada dos 2.000 soldados americanos presentes na Síria.
Israel vê a presença americana naquele país como uma defesa contra o Irã e um contrapeso à influência russa na região.
Durante sua estadia no Brasil, Netanyahu se reunirá também com os presidentes chileno e hondurenho, Juan Orlando Hernández, bem como com membros da comunidade judaica e um grupo cristão pró-Israel.