Após chegar ao plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) pela segunda vez, "o projeto da Polícia Militar" teve sua votação mais uma vez adiada. Um grupo de oito representantes da Associação de Cabos e Soldados da PM participou da sessão e apresentou seu desejo de vetar o projeto, que não agrada à classe militar. Para a entidade, o projeto é uma manobra do governo do Estado para não atender aos anseios da classe.
A matéria estava prevista para ser votada na terça-feira (4), mas foi colocada na pauta desta segunda-feira (3). Com quase três meses de tramitação, o projeto chega fechado ao plenário, discutindo Plano de Cargos e Carreiras e o Código Disciplinar da corporação num único documento.
Em discussão acirrada com os deputados oposicionistas Daniel Coelho (PSDB) e Odacy Amorym (PT), os oito PMs não chegaram a um consenso com os parlamentares. Durante toda a discussão, o tucano defendeu que era melhor a classe aprovar esse projeto junto aos deputados e, só no próximo ano, lutar por melhorias. "Eu sei que esse projeto não atende a todos os anseios de vocês, mas ele representa avanço. Se depender do governo do Estado, essa pauta não avança. Se vocês quiserem derrubar o projeto, é um direito de vocês, mas se fosse eu, aprovaria o projeto", definiu Daniel.
O soldado Albérisson Carlos, por sua vez, disse que esse projeto é incostitucional, uma vez que ele permite a promoção de soldados diretamente para o posto de sargento, ferindo um parecer do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que veta esse procedimento.
O PM também criticou a maneira como o governo do Estado colocou o projeto de lei que foi acordado com a PM logo após a greve de maio deste ano. "O governo colocou num mesmo pacote o Código Disciplinar e o Plano de Cargos e Carreiras, com propostas diferentes das que nós defendemos. Eles chegam aqui com um discurso de que o projeto foi um acordo entre governo e corporação, mas não foi. Esse não é o nosso interesse", protestou Albérisson.
A matéria está prevista para ir a votação na sessão plenária desta terça-feira (4), às 14h30. Mais uma vez, sua discussão depende, entre outros fatores, da presença da maioria absoluta dos deputados (25 parlamentares) na Casa. Orientados pelo deputado Daniel Coelho, o grupo de militares que presenciou a sessão de hoje deve preparar um documento expressando o desejo da corporação em vetar o projeto. Caso seja derrubada, a discussão entre governo e PM só deve recomeçar quando o novo governador Paulo Câmara (PSB) assumir.