LEVANTAMENTO

Pesquisa mostra que recifense perdeu a confiança em Lula

Estudo do Instituto Maurício de Nassau mostra que as recentes denúncias de tráfico de influência envolvendo o nome do ex-presidente Lula e seus familiares afetou a imagem do político

Do JC Online
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Publicado em 22/02/2016 às 6:00
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As recentes denúncias de tráfico de influência envolvendo o nome do ex-presidente Lula e seus familiares afetou a imagem do político frente ao público recifense, inclusive nas classes sociais mais beneficiadas pelo crescimento econômico experimentado no País durante os seus mandatos (2002-2010) – a chamada nova classe média. Apesar do processo de enfraquecimento do lulismo, mais de 35% dos recifenses mantêm o desejo de votar no ex-presidente. “É um percentual alto, principalmente no público da nova classe média (C e D). A maior rejeição está na classe média (B)”, classifica o professor da UFPE Adriano Oliveira, coordenador de pesquisa do Instituto Maurício de Nassau. “Apesar de ser alto, houve uma queda considerável, já que 76,2% dos recifenses afirmaram que já votaram nele.” 

Infográfico

Avaliação de Lula no Recife

Os números foram revelados pelo Instituto Maurício de Nassau em pesquisa realizada na capital pernambucana nos últimos dias 15 e 16. Dos entrevistados, 23,4% disseram que nunca votaram nele.

O movimento de queda é percebido na maioria das classes sociais, menos nas pessoas da classe A, que manteve as respostas em 50% nos dois casos. “A classe A representa apenas 1% da amostra”, diz. A maior mudança, no entanto, aconteceu justamente na chamada nova classe média, que a pesquisa estratificou em C1 e C2. Juntando os dois grupos, tem-se o maior grupo, com 56% das pessoas. Desse total, cerca de 80% responderam que já votaram em Lula. No entanto, 70% afirmaram que não votariam no líder petista novamente, no grupo C1, enquanto que 55% da classe C2 disseram que também não repetiriam o voto. Nas classes D e E, que representam cerca de 14% dos recifenses, o percentual variou um pouco menos, mas, mesmo assim, dos 74% que disseram já ter votado em Lula, 51% declararam não ter mais interesse em votar de novo. Apesar disso, 46% das pessoas das classes C e E disseram que votariam em Lula de novo, e 43% do grupo C2 também o fariam. A maior rejeição está na classe média (B2). Somente 26% desse grupo se mostraram dispostos a dar voto a Lula. 

A admiração das pessoas em relação ao político, tido pelos seus partidários como o melhor presidente que o Brasil já teve, também foi abalada. O maior baque aconteceu na classe C1, na qual 65% dos entrevistados disseram que já admiraram Lula, no entanto, hoje, apenas 29% continuam com a mesma opinião. Nos extremos das classes sociais, a admiração pelo político caiu de forma menos acentuada. Enquanto 61% dos mais ricos (classe A) disseram que já tiveram respeito pelo petista, hoje apenas 32% dizem manter essa opinião. No segmento mais pobre (classes D-E), a admiração caiu com menor força, de 64% para 51%.

Os pesquisadores também perguntaram se o ex-presidente é um político honesto. Neste caso, apenas 26,8% disseram que acreditam na idoneidade do petista, contra 65,5% que afirmaram que não confiam na lisura de Lula. Quem menos confia na honestidade do ex-presidente é a classe média. Apenas 20% das pessoas da classe B2 acham Lula honesto e 22%, da C1. 

A pesquisa do Instituto Maurício de Nassau identificou ainda que 77,5% dos recifenses ficaram sabendo das denúncias que envolvem o nome do ex-presidente. Quando perguntadas quais são as denúncias, os entrevistados falaram até de casos em que Lula não estaria envolvido, como desvio de verbas (roubo). Os casos mais lembrados são o escândalo da Petrobras, com 9,8% das respostas e lavagem de dinheiro, com o mesmo percentual. 

O Instituto Maurício de Nassau entrevistou 624 pessoas do Recife com 16 anos ou mais. A pesquisa tem nível de confiança de 95% e margem de erro de 4% pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança sugere que, em 95% dos casos, as pessoas responderiam da mesma forma. As classes sociais são definidas pelo padrão de renda e poder de consumo.

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