De janeiro de 2015 até agora, a bancada pernambucana na Câmara Federal enfrenta dias agitados e a “dança das cadeiras” é intensa. Sete dos 25 parlamentares tiveram votação insuficiente para chegar ao mandato e hoje estão lá por força do coeficiente eleitoral.
Semelhante às eleições de 1990, quando o então candidato a deputado federal Miguel Arraes (PSB) obteve quase 340 mil votos e arrastou candidatos da sua coligação, em 2014 a Frente Popular amealhou 21 partidos e os quatro suplentes que vão assumir o mandato esta semana fizeram parte da composição.
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Na época, Arraes elegeu-se como o mais votado em Pernambuco e a acachapante vitória do socialista fez com que alguns deputados da mesma coligação que o socialista conseguissem ser eleitos, enquanto outros nomes com votação mais expressiva ficaram de fora.
Um dos nomes mais lembrados é o do atual prefeito de Olinda, Renildo Calheiros (PCdoB). Na ocasião, o comunista recebeu somente 4,5 mil votos, mas chegou a Brasília “puxado” por Arraes. Enquanto isso, o ex-deputado Fernando Ferro (PT) teve 10 mil votos a mais e, mesmo assim, não se elegeu. Outra que também ficou de fora do Congresso na época foi Cristina Tavares, a primeira mulher pernambucana eleita para o cargo (em 1978). Ela obteve quase 15 mil votos.
Em 2014, a última cadeira na Câmara foi ocupada pelo deputado Kaio Maniçoba (PMDB), que recebeu 28.585 votos. Candidato pela coligação do senador Armando Monteiro Neto, o médico Mozart Sales (PT) foi o petista mais votado no Estado, com 73.967 votos, mas ficou de fora, porque o coeficiente eleitoral favoreceu Maniçoba.
Desde 2015, Dona Creuza (PSB) vivia a iminência de assumir uma cadeira na Câmara. Ela obteve cerca de 25 mil votos e era a quinta na lista de suplentes, entre os deputados federais da Frente Popular. Após Paulo Câmara convocar quatro parlamentares para compor o secretariado estadual, a salgueirense tornou-se a primeira da fila de espera.
Roberto Teixeira (PP) teve desempenho pífio nas urnas, pouco mais de 16 mil votos, mas vai ocupar a 25ª cadeira da bancada pernambucana como suplente.
Dos deputados que passaram pela suplência nesta legislatura, o atual ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS), é o caso mais chamativo. Ele perdeu a eleição para a Câmara, mas voltou ao Congresso, articulou o processo de impeachment e foi nomeado ministro do governo Michel Temer.