O Recife viveu uma das campanhas eleitorais mais atípicas desde a redemocratização do País em meados da década de 1980. Por conta da minirreforma eleitoral, em vez de 90 dias, os candidatos tiveram apenas a metade do tempo para pedir nas ruas, de forma oficial, o voto do eleitor. O tempo nos programas de rádio e TV do guia eleitoral também foi reduzido e os discursos foram moldados a uma realidade financeira mais dura. Com isso, tivemos programas de governo mais econômicos e ausência de promessas mirabolantes. Houve a apresentação de novos projetos, mas de forma pontual.
Entre os oito candidatos a prefeito do Recife, o que mais enfatizou o realismo das propostas nesta campanha eleitoral foi Daniel Coelho (PSDB). Um dos motes da campanha do tucano foi o de “fazer funcionar o que já existe”. Ao longo de toda a campanha, ele insistiu nessa linha e garantiu que não construiria nada de novo porque a prioridade seria destinar recursos a ações, projetos e obras existentes na cidade.
Primeira candidata a apresentar publicamente o programa de governo, Priscila Krause (DEM) também adotou tática semelhante. A linha mestra do documento com as propostas de uma futura gestão democrata é a requalificação de equipamentos já existentes e a aplicação racional dos recursos financeiros. Na pré-campanha, a democrata gravou vídeos com mensagens que tinham como pano de fundo a dificuldade da prefeitura de arrecadar recursos. “Governo bom é o que gasta bem”, defendeu
O programa de governo de João Paulo (PT) conta com 39 propostas e algumas delas são no sentido de rever promessas feitas pelo prefeito e candidato à reeleição Geraldo Julio (PSB). O petista disse, por exemplo, que a implantação de um ar-condicionado central no ginásio de esportes Geraldão é algo que deve ser reavaliado por conta do impacto financeiro que a iniciativa pode trazer à admiunistração municipal. O documento também não traz muitas novidades e é baseado na ideia de retomar programas de sua gestão e do governo João da Costa (PT) - 2001 - 2012 - e de obras paradas da atual administração.
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Candidato a ser batido na eleição, Geraldo também apresentou propostas modestas. O socialista se apoiou na crise econômica para justificar a razão de não ter conseguido tirar algumas obras do papel e, diferentemente de 2012, não registrou nenhum programa de governo em cartório. A estratégia é convencer o eleitor que nos próximos quatro anos será possível fazer o que antes não foi executado.
Na avaliação do professor de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco Adriano Oliveira, é natural que a falta de propostas mais ousadas seja comum a todos os candidatos. “Eles estão cientes do descrédito dos eleitores com os políticos e também há uma crise fiscal que atinge os municípios. Se não há dinheiro, não se faz grandes promessas”, diz.