Derrotado na eleição para prefeito de Olinda, o advogado Antônio Campos (PSB), irmão de Eduardo Campos, convocou uma coletiva de imprensa nesta terça-feira e disparou contra dirigentes do partido, entre eles o governador Paulo Câmara e o prefeito reeleito do Recife, Geraldo Julio. As críticas mais duras foram direcionadas a Renata Campos, viúva do ex-governador.
"Não é só doutora Renata Andrade Lima Campos que tem autoridade para falar sobre essa família não. A questão de Renata é que ela não admite nada na vida que não seja Andrade Lima. Qualquer assunto que não seja (Andrade Lima) ela tem dificuldade de conviver. Ela foi contra a candidatura de minha mãe à deputada federal", disse, referindo-se à Ana Arraes, hoje ministra do Tribunal de Contas da União (TCU).
De acordo com Antônio Campos, Ana Arraes só saiu candidata porque Eduardo Campos defendeu a mãe. "Ela (Renata) acha que uma outra força que possa sugir na família pode fazer sombra a João Campos", reclamou.
Ainda segundo o irmão de Eduardo, Renata Campos tem poderes maiores do que deveria em Pernambuco. "A influência de Renata é grande. Ela finge não mandar, numa pretensa imagem de frágil enquanto ela fica mandando nos bastidores. Tentei conversar com ela. Minha mãe fez um apelo de união da família e ela não atendeu. Então, cabe a gente explicitar as nossas diferenças", afirmou.
O governador Paulo Câmara, que é vice-presidente nacional do PSB, foi bastante citado na entrevista. "Acho que há um núcleo em volta do governador que esquece que mais importante que ter um projeto de poder é ter um projeto político. Estranho o fortalecimento de André de Paula (ex-secretário estadual e hoje deputado federal pelo PSD), que tem mais de 15 prefeituras e manda em uma parte significativa deste estado. Prestigiam um antigo adversário nosso, esmagando companheiros nossos, com apoio do governador Paulo Câmara. Esse não é o campo dos Arraes e dos Campos. É um campo de uma política que quer utilizar a grife de uma família para fazer um projeto de poder e eu vim aqui resistir porque essa grife não vai ser utilizada assim não", enfatizou.
Nas críticas, o irmão de Eduardo Campos declarou que era monitorado pelo Casa Militar, ligada diretamente ao Palácio do Campo das Princesas. No início da noite desta terça, a assessoria de comunicação do governo estadual divulgou uma nota em que afirma ser "completamente improcedente a declaração do candidato a prefeito de Olinda Antônio Campos de que ele teria sido 'acompanhado”'pela 'segunda seção' da Casa Militar".
No texto, a Casa Militar assegura que "não se envolve em processos eleitorais. Nem em Olinda e nem em nenhum outro município do Estado". A nota termina com a declaração de que a "Casa Militar é uma instituição de Estado, respeitada e com uma larga folha de serviços prestados a Pernambuco, justamente por atuar respeitando os limites legais e suas prerrogativas constitucionais".
DEFESA DE MARÍLIA ARRAES
O advogado ainda saiu em defesa da vereadora Marília Arraes (PT). Neta do ex-governador Miguel Arraes, ela brigou com Eduardo Campos e deixou o PSB para assinar a ficha de filiação petista. Este ano, fez oposição ao prefeito Geraldo Julio e foi reeleita para a Câmara Municipal do Recife
"Discordo de muita coisa de Marília Arraes, mas no mérito, em parte, Marília tem razão sobre muita coisa. Muitas vezes se persegue Marília de uma forma desproporcional. Só é Campos e Arraes quem Renata disser e não é assim".
PSB RESPONDE
A direção estadual do PSB foi ainda mais sucinta na declaração e afirmou que "discorda do conteúdo da entrevista concedida pelo ex-candidato a prefeito de Olinda. As eleições de 2016 deram ao PSB um consistente crescimento nas diversas regiões do estado. É princípio básico da democracia respeitar o resultado das urnas".
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