O governador Paulo Câmara deve enviar o projeto que atende os policiais militares do Estado para a Assembleia Legislativa (Alepe) até a próxima segunda-feira (6). A promessa é do novo líder do governo, Isaltino Nascimento (PSB), segundo quem a sinalização é que haja uma proposta de reajuste salarial. O percentual e os últimos cálculos estão devem ser fechados ainda hoje pelo Executivo.
Ainda não há previsão de quanto tempo o reajuste levará para ser aprovado. As comissões por onde o texto vai passar ainda serão instaladas ao longo da próxima semana. A proposta precisará ser distribuída e analisada nos colegiados antes de chegar ao plenário. O presidente da Alepe, Guilheme Uchoa (PDT), já anunciou que dará celeridade a matéria tão logo ela comece a tramitar. Como a proposta tem impacto financeiro, os deputados não podem dar um reajuste maior do que o definido pelo governo.
Nessa quinta-feira (2), dezenas de PMs se reuniram em frente à Alepe para cobrar o envio do projeto, já que o acordo inicial era que ele chegasse ao Legislativo no primeiro dia após a volta do recesso. O governo excluiu as associações da categoria da mesa de negociação e tem debatido a proposta com os comandos da Polícia Militar e dos Corpo de Bombeiros. O deputado Joel da Harpa (PTN), que representa a categoria, anunciou que dormirá todas as noites no seu gabinete, no prédio da Alepe, até que o texto chegue.
Ciente de que a categoria faria pressão, o governo esvaziou o plenário. Dos 13 deputados presentes, apenas quatro eram governistas: o presidente Guilherme Uchoa e o primeiro-secretário Diogo Moraes (PSB), que conduziam os trabalhos; o novato Jadeval de Lima (PDT); e o lacônico Dr. Valdi (PP). O boicote ocorreu apenas um dia após Isaltino prometer no plenário que o governo responderá todos os questionamentos da oposição item por item.
“Essa é a primeira vez que vejo uma greve de deputados governistas que não comparecem à Assembleia”, criticou o líder da oposição, Silvio Costa Filho (PRB). “É uma péssima estreia do novo líder do governo, que orquestrou o esvaziamento para exercitar a pior prática da política: a falta de debate. O governo perdeu a autoridade moral”, disparou Edilson Silva (PSOL). “O líder do governo, além de intolerante, é covarde”, bateu Joel. Priscila Krause (DEM) disse que o Estado respira com a ajuda de aparelhos.
AMEAÇA DE GREVE
Por telefone, Isaltino disse ao JC que a ausência do governo não foi uma ação deliberada. Ele ressaltou que o ano legislativo acabou de começar, lembrou que as sessões das quintas-feiras costumam ter menos quórum e disse acreditar que os colegas estavam cumprindo missões em suas bases no interior.
No final do ano passado, os policiais militares ameaçaram paralisar as atividades, mas optaram por uma operação padrão após a pressão do governo, que prendeu líderes do movimento durante uma assembleia da categoria. Apesar disso, 3,5 mil homens das Forças Armadas foram chamados para reforçar a segurança na Região Metropolitana.