“Estamos preparados para enfrentar a bandidagem. Não vamos admitir isso no Estado”. Com pequenas variações entre uma entrevista e outra, Paulo Câmara repetiu, ontem, o discurso de que irá evitar que Pernambuco seja assombrado por novos casos de violência. A declaração, não muito diferente de outras dadas recentemente, pretende, entre diversas funções, mostrar que o socialista não perdeu o controle sobre a política de Segurança Pública.
Provável candidato a brigar novamente pelo posto de chefe do Executivo estadual, Paulo sabe que precisa reagir para que a oposição não faça valer sua narrativa sobre o aumento da violência.
Não que as críticas sejam novidade para o governador. Em 2015, no seu primeiro ano de gestão, ele já era cobrado pela queda de rendimento do Pacto pela Vida. Agora, porém, a corda parece estar mais apertada com o crescimento no número de assaltos a bancos, roubos a ônibus e homicídios. Em janeiro, Pernambuco registrou 479 assassinatos, o que dá uma média de 16 mortes por dia.
Na tentativa de se contrapor à oposição, Paulo assegura que os resultados logo aparecerão.
“A população pode ter a garantia que vamos ser incansáveis na prisão desses bandidos”, enfatizou, ontem, ao falar sobre o roubo à Brinks Transporte de Valores.
OPOSIÇÃO
Já a oposição, interessada em ver a figura do governador derreter, a menos de dois anos da eleição para o governo estadual, não tem dado trégua a Paulo com críticas na Assembleia Legislativa ou em quaisquer outros espaços onde se possa propagar que a ideia de que socialista não é capaz de impedir a escalada da violência.
Nessa terça-feira, os deputados oposicionistas pediram que o Estado solicite o apoio da Força Nacional para reforçar a segurança no Carnaval, ideia rebatida por Paulo. Essa e outras iniciativas, asseguram, são desinteressadas - como se a política não fosse um jogo de busca pelo poder em que o sucesso de um grupo depende do insucesso do outro.
Para se blindar das cobranças da oposição, Paulo tem dito que não vai “eleitoralizar” o debate sobre a segurança.
A “eleitoralização” das discussões em torno do combate à violência, no entanto, não é novidade em Pernambuco. Na campanha de 2006, parte do caminho do PSB ao governo estadual foi pavimentado com críticas de Eduardo Campos às ações de segurança dos governos Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Mendonça Filho (DEM). Naquela época, como hoje, a violência era uma das principais preocupações dos pernambucanos e foi usada eleitoralmente.
Até 2018, os pernambucanos deverão assistir a novos episódios de “tiro, porrada e bomba”. A torcida é para que o armamento pesado seja usado apenas como retórica política e não em campos de guerra reais espalhados pelo Estado.
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