As mudanças que estão em curso no Congresso Nacional para blindar políticos citados em esquemas de corrupção serão o alvo dos protestos deste domingo organizados pelo Movimento Vem Pra Rua. O grupo tirou o foco do governo federal e transferiu as críticas ao Parlamento. A partir das 10h, terá início uma passeata em frente à Padaria Boa Viagem, na Zona Sul, para defender a Operação Lava Jato e pedir o fim do foro privilegiado e a rejeição ao sistema de voto em lista fechada, que ganhou força nos últimos dias entre políticos e representantes do Judiciário. A proposta que está sendo fomentada no meio político de anistia à prática do caixa 2 também será alvo das críticas dos manifestantes.
Se nos atos anteriores, o objetivo era o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), desta vez não há um político específico na mira. O ex-presidente Lula (PT), cujo nome é ventilado para disputa presidencial em 2018, também deve ser alvo das críticas, mas não há qualquer referência de protesto contra o presidente Michel Temer (PMDB).
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"Não adianta ficar gritando Fora, Temer, porque ele não vai sair. Só falta 1 ano e meio para o mandato dele acabar. Você não vai desestabilizar o País. Ele já está bambo", disse Maria Dulce Sampaio, porta-voz do Vem Pra Rua no Recife.
A caminhada segue até o Segundo Jardim de Boa Viagem e terá a presença do boneco gigante do juiz Sérgio Moro.
Na pauta do evento convocado pelas redes sociais, o primeiro item é o apoio total à Operação Lava Jato. Os movimentos pedem ainda o fim do foro privilegiado como base para acabar com a impunidade no Brasil.
"O que estamos vendo depois dessa delação da Odebrecht e do vazamento dessa lista de Janot é o corporativismo dos citados e indiciados", diz Dulce. "Eles têm feito vários tipos de manobras para se livrar da Justiça. Hoje o foro privilegiado é escudo onde todos os políticos querem se esconder atrás. Aqui se nomeia gente envolvida com corrupção para ministro e secretário de governo para ficar com foro privilegiado", critica.
Semana passada, após pressão da opinião pública, senadores fecharam acordo para inserir na pauta de votações do plenário o projeto que extingue a prerrogativa de foro privilegiado para proteger políticos no exercício do mandato. No entanto, setores do Congresso começaram a articular emendas que podem modificar a proposta, criando filtros de investigação e até mesmo "varas especiais" para impedir que processos que envolvam políticos cheguem diretamente à primeira instância da Justiça.
PRETENSÕES POLÍTICAS
Quanto às pretensões políticas do movimento na disputa de 2018, Dulce explica que o líder nacional do Vem Pra Rua, Rogério Cheker, tem proposto uma agenda a ser cumprida pelos políticos que quiserem o apoio do movimento. "Aquele que tiver de acordo com a agenda e se comprometer a defender os itens propostos na campanha, a gente vai apoiar", diz.
Durante o ato, membros do partido Novo vão aproveitar para conseguir novos apoiadores. O objetivo é divulgar as ideias e valores da sigla.
A legenda foi fundada em fevereiro de 2011 e, durante três anos e meio, o grupo se dedicou a cumprir as determinações para legalizar o partido.
