Cinco dias após a fisioterapeuta Mirella Sena ser violentada e morta pelo vizinho Edvan Luiz da Silva, a deputada Simone Santana (PSB), presidente da Comissão dos Direitos da Mulheres da Alepe, enviou uma pedido formal ao governador Paulo Câmara (PSB) para que a Polícia Civil passe a registrar nas ocorrências como feminicídio os homicídios praticados contra mulheres por causa da condição de gênero, dando mais visibilidade aos casos.
“O feminicídio paira sobre a vida de todas as mulheres brasileiras como um fantasma. Estamos morrendo todos os dias em decorrência de uma cultura machista que segrega, reprime, exclui e mata”, afirmou a deputada. Simone também ressaltou que Edvan não é um monstro, como tem sido dito, mas alguém que levou às últimas consequências um comportamento que se manifesta de forma comum na sociedade.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que o Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídio do mundo, com 4,8 assassinatos em cada 100 mil mulheres. O crime foi definido em lei desde março de 2015, e Simone chegou a preparar a minuta de um projeto criando a tipificação no Estado, mas a consultoria da Alepe brecou a proposta porque a iniciativa cabe ao Executivo.
O discurso de Simone durou quase 40 minutos e mobilizou outros dez deputados a defenderem medidas para proteger as mulheres e combater o machismo; incluindo a realização de uma audiência pública para debater o problema.
'CADEIRA ELÉTRICA'
Criticando o sentimento de impunidade, o deputado Joel da Harpa (PTN) fez a fala mais chocante. “Para mim, um elemento como este, no mínimo, deveria pegar prisão perpétua. Se estivéssemos num país sério, talvez fosse para a cadeira elétrica”, declarou. Evangélico, Odacy Amorim (PT) disse que a legislação brasileira é muito benevolente e defendeu que as leis brasileiras sigam a “justiça de Deus”.
Na Câmara do Recife, a vereadora Ana Lúcia (PRB) lembrou do assassinato da fisioterapeuta e levou para o plenário um cartaz com a frase #SomosTodosMirella, que ganhou força nas redes sociais. Michele Collins (PP) citou uma pesquisa do Datafolha sobre dados de violência contra a mulher que apontou que uma em cada três brasileiras disse ter sofrido violência no último ano. A vereadora cobrou união da bancada feminina formada por seis vereadoras para trabalhar em prol de políticas que combatam a violência contra a mulher independente de bandeiras partidárias ou religiosas.