delação do fim do mundo

Delator da Odebrecht afirma que Aldo Guedes pediu R$ 90 milhões de propina em nome de Eduardo Campos

Interlocutor da negociação é o empresário e sócio do ex-governador. Do valor solicitado, R$ 15 milhões foram conseguidos

Mariana Araújo e Renata Monteiro
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Mariana Araújo e Renata Monteiro
Publicado em 12/04/2017 às 20:32
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Interlocutor da negociação é o empresário e sócio do ex-governador. Do valor solicitado, R$ 15 milhões foram conseguidos - FOTO: Foto: reprodução/STF
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O empresário, sócio do ex-governador Eduardo Campos (PSB) e ex-diretor da Copergás, Aldo Guedes, foi apontado por delatores da Petrobras como interlocutor do socialista para negociar propinas junto a executivos da Odebrecht. O executivo Márcio Faria, membro do Conselho Administrativo da Odebrecht, afirmou em delação premiada que Aldo Guedes solicitou o montante de R$ 90 milhões, relativo a 2% do valor da obra da Refinaria Abreu e Lima.

Márcio Faria afirmou que se reuniu com Aldo Guedes em São Paulo e que o empresário pernambucano apresentou-se como o "único representante" do ex-governador Eduardo Campos. Faria disse, ainda, que Aldo informou que a empresa que realizou a terraplanagem da obra também destinou propinas no mesmo percentual. Em troca, a empresa receberia ajuda do governo no decorrer as obras, principalmente no relacionamento com os sindicatos, momento mais crítico do empreendimento.

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"Ele insistiu muito nesse assunto do contrato da terraplanagem e disse que o governo de Pernambuco ia dar apoio incondicional nessa questão do contrato e com ênfase muito forte nas relações sindicais, uma vez que você ia ter 50 mil pessoas na obra e que poderia ajudar", disse o delator. Faria afirmou que o valor solicitado era incompatível que não haveria como contribuir com esse valor.

Confira o vídeo com a delação de Marcio Faria (ele fala sobre a propina solicitada por Aldo Guedes a partir de 8'36"):

O delator disse, ainda, que, em acordo com a OAS, que participou do consórcio limitou o valor da propina a R$ 7,5 milhões por cada empresa. Quando Aldo Guedes foi comunicado da decisão dos empresários, ficou indignado. O caso acabou sendo repassado para outro exevutivo da empreiteira, Hilberto Silva. "Após a reunião com Aldo Guedes, procurei Marcelo Odebrecth para informá-lo do ocorrido, uma vez que recebi uma demanda de pagamento de propina para político, neste caso para um governador de Estado", disse Márcio Faria na delação.

A tentativa de pagamento, segundo Faria, ocorreu através de um banco em Hong Kong, sem sucesso. Foi então que o pagamento foi realizado através da agência de turismo Mônaco, no Centro do Recife, localizada ao lado do restaurante Leite. O valor ficou em R$ 7,5 milhões.

OUTRA CITAÇÃO

O nome de Aldo Guedes também foi citado na delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Hilberto Mascarenhas, que diz ter pago cerca de R$ 2 milhões em propina ao empresário. Segundo Mascarenhas, o pagamento do montante foi autorizado por João Pacífico, ex-diretor da empreiteira no Nordeste.

 "Ele (João Pacífico) devia um dinheiro ao Aldo Guedes e não conseguia viabilizar a forma de fazer o pagamento. Foi então que eu fui ao Recife com Fernando Migliaccio (também executivo da Odebrecht) atendendo a um pedido dele para resolver o problema", relatou Mascarenhas durante a delação. O ex-executivo afirmou ainda que a quantia foi depositada em uma conta no exterior determinada por Guedes.

Confira o vídeo com a delação de Hilberto Mascarenhas: 

PARTIDO PROGRESSISTA

Márcio Faria disse, ainda, que destinou o pagamento de propina ao Partido Progressista (PP). Segundo ele, foram destinados R$ 15 milhões à legenda e mais R$ 15 milhões ao ex-diretor de abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa. A entrega do valor ao PP foi feita em um café de um shopping em Sâo Paulo. Já o pagamento a Paulo Roberto Costa foi feito através de contas bancárias no exterior.

Faria também falou sobre acordos que existiam entre as empresas que tinham interesses nos contratos da Refinaria. Depois de escolhidas as empresas e os interesses, as demais ficariam responsáveis por apresentar propostas que ficassem acima dos valores propostos pela empresa interessada.

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