Em reação às declarações homofóbicas proferidas na última segunda (1º) pelo 'príncipe' Dom Bertrand de Orleans e Bragança, durante a 12ª edição do Festival Literário de Poços de Caldas (Flipoços), um grupo de monarquistas LGBTTs (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) divulgou uma nota de repúdio ao posicionamento.
"O conteúdo discriminatório na fala de Bertrand em relação aos indígenas e aos homossexuais, não representa em absoluto o pensamento dos monarquistas brasileiros e dos demais membros da família imperial do Brasil. Aliás, sobrinhos e primos de Bertrand de Orléans e Bragança já se posicionaram publicamente em favor de temas como a união homoafetiva e os direitos humanos de diversas minorias", diz a nota, assinada por nove pessoas.
Durante palestra no teatro do Espaço Cultural da Urca, em Poços de Caldas (MG), ele criticou ambientalistas e chamou atenção ao abordar questões ligadas à sexualidade. "Eu vejo o homossexualismo como um defeito", falou.
Bertrand é trineto do imperador, sendo conhecido por seus discursos conservadores e muitas vezes contra as ideias que se
propagam hoje. "Esses mitos ambientais não têm nenhum fundamento científico", falou no Flipoços sobre as bandeiras ecológicas de defesa do meio ambiente. Explicando depois que "97% do Estado do Amazonas está intacto"
Veja a íntegra da nota de repúdio
Nós, monarquistas LGBTTs , repudiamos veementemente o teor das declarações publicadas na matéria no portal do Jornal do Commercio – com o descendente da família imperial Bertrand de Orleans e Bragança. O conteúdo discriminatório na fala de Bertrand em relação aos indígenas e aos homossexuais, não representa em absoluto o pensamento dos monarquistas brasileiros e dos demais membros da família imperial do Brasil. Aliás, sobrinhos e primos de Bertrand de Orléans e Bragança já se posicionaram publicamente em favor de temas como a união homoafetiva e os direitos humanos de diversas minorias.
O conteúdo da matéria, cujo título é "'Vejo o homossexualismo como um defeito', diz ‘príncipe’ brasileiro”, publicada neste 2 de maio, não representa, ainda os ideais defendidos pelos antepassados de Bertrand, que sempre tiveram pensamentos progressistas e à frente dos seu tempo. A princesa Isabel, bisavó de Bertrand, se posicionava publicamente contra a escravidão. O imperador d.
Pedro II não só era contra a esse tema, como também estava à frente de questões inclusive ecológicas. Foi d. Pedro II, por exemplo, que reflorestou a Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro, hoje considerada uma das maiores florestas urbanas do mundo.
Cumpre-nos esclarecer que a homossexualidade não é classificada como distúrbio (ou, como foi afirmado, 'defeito') há muito - conforme a Associação Americana de Psiquiatria, desde 1973, para sermos mais exatos.
É bom inteirar, por outro lado, que o pensamento homofóbico apresentado por Bertrand de Orléans e Bragança também atinge membros de sua própria família. Antepassados de Bertrand, como o rei Luís XIII, da França, que, segundo diversos estudiosos, mantinha relações sexuais com homens e com mulheres.
Bertrand descende também em legítima varonia de Felipe de França, conhecido por "Monsieur", que além de se travestir constantemente, manteve relacionamentos homoeróticos com diversos nobres. Notadamente com o Cavaleiro de Lorena, o Conde de Guiche e o Marques de Vardes. Pelo seu lado materno, pontifica a figura de Ludwig II da Baviera, nascido no mesmo palacio que sua mãe, que era conhecido como "Lola" e era apaixonado e também mantenedor do compositor Wagner.
Isso mostra que na família do entrevistado, e em sua herança genética, existe a mesma diversidade no que diz respeito as formas de amar como em todas as outras pessoas e famílias do Brasil e do mundo. Destacamos ainda que, as falas de Bertrand de Orléans e Bragança vão na contra mão do pensamento de monarquias modernas, como Espanha, Dinamarca, Noruega, Suécia, Luxembourg, Bélgica, Holanda e Reino Unido, que foram pioneiras em garantir a união homoafetiva e o respeito aos direitos humanos de pessoas LGBTTs.
Por fim, reafirmamos energicamente nosso mais profundo repúdio as declarações deturpadas e fascistas, de Bertrand de Orleans e Bragança, que maculam vergonhosamente o ideal monárquico, tornando-o inaceitável para a grande maioria dos brasileiros.
Bertrand de Orleans e Bragança faria muito mais pelo Movimento Monárquico Brasileiro se refletisse sobre a ordem do rei emérito de Espanha, d. Juan Carlos: por que não te calas?
Cordialmente,
Monarquistas LGBTTs brasileiros.
* Antônio Guido Neto
Pernambuco
* Astrid Beatriz Bodstein Romeo
Mato Grosso
* Bruno Noronha Braga
Rio de Janeiro
* Jeferson de Augusto Vidal e Cruz
Sergipe
* Jefferson Rios
Minas Gerais
* João André Lorini Cebrian
São Paulo
* João Pedro dos Anjos Paixão
Minas Gerais
* José Gagliardi Júnior
São Paulo
* Marcos Ramos Penteado
São Paulo