Lava Jato

Delator da JBS fala que entregou R$ 200 mil a Bruno Araújo

Na delação Ricardo Saud informou que se tratava de doação oficial entregue em espécie

JC Online
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Publicado em 19/05/2017 às 17:25
Beto Barata/Agência Senado
Na delação Ricardo Saud informou que se tratava de doação oficial entregue em espécie - FOTO: Beto Barata/Agência Senado
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Um dos delatores da JBS, diretor da empresa Ricardo Saud, afirmou em depoimento à força-tarefa da Lava Jato que um funcionário dele entregou R$ 200 mil em espécie ao deputado Bruno Araújo (PSDB), em 2014, atual ministro das Cidades. Na delação, Saud informou que se tratava de doações oficiais, mas não soube precisar como classificar a entrega desse dinheiro, pois, dentro da empresa, a verba era classificada como um "reservatório de boa vontade".

Ao falar dos R$ 4,32 milhões que entregou ao PSDB, naquele ano, ele ficou em dúvida de como classificar o dinheiro. "Pro PSDB, doações oficiais.... Na verdade, não sei como falaria para o senhor. Na verdade (o dinheiro) é pro cara não chatear, nem atrapalhar", disse prosseguindo. "Não pedimos nada para ele. Por exemplo: demos R$ 3 milhões pro Alckmin (governador de São Paulo) a pedido do coordenador de campanha dele. Alckmin nunca falou comigo. Pegamos e demos R$ 3 milhões oficial pra ele. Como falo? Doação oficial?", pergunta Saud ao procurador.

ENQUADRAMENTO

O oficial da Lava Jato, por sua vez, intervém. "Conta como foi e depois a gente vê como dá o enquadramento. Como você contextualizou no início (do depoimento), a intenção era contar com a boa vontade... como você disse, contar com o reservatório de boa vontade", diz o procurador. Nesse momento Saud dá uma risada e confirma: "Sim, reservatório de boa vontade", ao que o procurador continua: "Então, fala os fatos objetivamente, como foi pago e quem pediu..."

O delator cotinua. "PSDB, oficias: R$ 4,320 milhões. Pagamento em espécie, R$ 200 mil, entregue por André Gustavo Vieria da Silva, em Recife. Pagamento em espécie. Entregue em mãos a Bruno Araújo, atual Ministro das cidades."
Após essa declaração, Saud contina falando de outros pagamentos que fez a políticos em vários estados brasileiros.

A assessoria de imprensa do ministro foi procurada e ressaltou que o delator falou em doação oficial. Apesar disso, a JBS não aparece como doadora na prestação de contas de Bruno Araújo em 2014. Até a última atualização da matéria, o ministro não havia se manifestado. 

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