Dois dias após as fortes chuvas e enchentes na Mata Sul e no Agreste, governo de oposição voltaram a trocar acusações sobre a responsabilidade pela não conclusão de quatro das cinco barragens prometidas após a tragédia de 2010. O mote foi a nota do Ministério da Integração Nacional que afirma que os recursos para algumas das obras não foram liberados por problemas de projeto. O governo do Estado diz que houve falta de repasses da União.
"Tinha o dinheiro. Mas o governo por falta de competência e de gestão não conseguiu construir essas barragens", afirmou Edilson Silva (PSOL). "Elas não foram realizadas não por falta de recursos, mas por falta de capacidade e de prioridade", reclamou o deputado do PSOL.
Líder da oposição, Silvio Costa Filho (PRB), cobrou que o governo identifique o que já foi entregue entre as promessas do programa da Reconstrução e mostre qual o plano de ação de como serão gastos os novos recursos. Para evitar as críticas de governistas de que estão agindo sem "sensibilidade", os opositores ressaltaram que o momento é de unidade e que estão a disposição para apoiar projetos emergenciais.
'RETALIAÇÃO'
Para o líder do governo, Isaltino Nascimento (PSB), não é verdadeiro o conteúdo da nota do Ministério da Integração. O socialista voltou a afirmar que as barragens não foram entregues porque houve "perseguição política" contra a gestão do PSB. "Nós em Pernambuco sofremos retaliação política por não coadunar com o projeto da ex-presidente Dilma Rousseff e os recursos não vieram", afirmou.
Isaltino também listou obras da reconstrução que foram entregues: 12,1 mil casas; cinco hospitais; 71 pontes; 185 vias urbanas e 203 estradas vicinais; 21 escolas; e 63 quilômetros de rodovias. Segundo ele, o governo do Estado aplicou R$ 1,3 bilhões em obras contra enchentes desde 2010; enquanto a União deu uma contrapartida de R$ 739 milhões.
Governistas, Romário Dias (PSD) e Tony Gel (PMDB) também colocaram a não entrega das obras em perspectiva. O peemedebista lembrou que sete ministros assumiram a Integração desde 2010, o que pode ter levado a descontinuidade das ações. Já Romário ressaltou que o problema não deve ser visto como de governo ou oposição; mas de Pernambuco.