Citado em um despacho do procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, como integrante do “núcleo político” investigado no inquérito da Arena de Pernambuco no Supremo Tribunal Federal (STF), o governador Paulo Câmara garantiu a correção de todos os seus atos como secretário e como governador em relação ao estádio. Ele também rebateu a tese de que poderia ter aprovado projetos em 2009 com o intuito de obter benefícios eleitorais.
Como revelou a coluna Pinga-fogo, deste JC, o despacho de Janot do último dia 02 é o primeiro documento com acesso público do Ministério Público Federal (MPF) a vincular o nome de Paulo Câmara ao inquérito da Arena que corre em segredo de Justiça. No texto, Janot trata como “núcleo político” quatro integrantes do Comitê Gestor de Parcerias Público-Privadas do Estado: o que, além de Paulo, inclui o prefeito do Recife, Geraldo Julio; o senador Fernando Bezerra Coelho; e o deputado federal Tadeu Alencar. Todos são filiados ao PSB e negam irregularidades. O despacho o Janot responde a um pedido do delator João Antônio Pacífico, tido como membro do "núcleo econômico". Ele pediu para que sua delação seja vinculada ao inquérito em segredo de Justiça do STF, ao invés de ser direcionada à Justiça Federal em Pernambuco.
“Esse inquérito não é novo. A gente já se colocou a disposição. Foi enviada uma documentação ao Ministério Público pela minha participação como membro do Conselho Gestor de PPP em 2009. Alegando que em 2009 eu, como membro do conselho, aprovei projetos com o intuito de, em 2014, ter benefícios eleitorais. Quem sabe e quem acompanha a história em 2009 e 2010 sabe muito bem que isso não procede. Até porque tudo foi baseado em parecer técnicos aprovados pelo Tribunal de Contas, pela Procuradoria-Geral do Estado, pelo Ministério Público Federal. Então a gente está muito consciente de tudo aquilo o que a gente fez. Da forma correta que nós fizemos”, afirmou o governador ao JC.
'CONSCIÊNCIA CORRETA'
Paulo Câmara disse ainda que a Arena de Pernambuco foi o estádio mais barato da Copa de 2014, e que o Estado não concordou com pedido de reequilíbrio financeiro pedido pela Odebrecht. “Estou muito ciente da correção dos nossos atos como secretário e como governador. Estou muito tranquilo em relação a isso. Sereno. Qualquer explicação maior, a gente vai dar porque nós estamos com a consciência correta de que foi aprovado por tudo que poderia ser aprovado”, resumiu.