Governo estadual

Márcio Stefanni: o supersecretário de Paulo Câmara

Secretário de Planejamento e Gestão ganha cada vez mais espaço no Estado e virou porta-voz da gestão socialista

Franco Benites
Cadastrado por
Franco Benites
Publicado em 18/06/2017 às 9:45
Divulgação
Secretário de Planejamento e Gestão ganha cada vez mais espaço no Estado e virou porta-voz da gestão socialista - FOTO: Divulgação
Leitura:

As enchentes que atingiram a Mata Sul e o Agreste de Pernambuco no fim de maio e o consequente trabalho do governo estadual colocaram em evidência o secretário de Planejamento e Gestão, Márcio Stefanni, 39 anos. Geralmente discreto, de voz baixa e conhecido por ser didático na transmissão de informações, o auxiliar de Paulo Câmara (PSB) tornou-se o porta-voz do governo nos assuntos relacionados à operação reconstrução tocadas pela gestão socialista.

O trabalho de Stefanni à frente do Gabinete de Crise Central, núcleo responsável por coordenar as ações nos municípios que sofreram com as cheias, soma-se a outros no governo. O paraibano, criado em Petrolina até a adolescência, também preside o Comitê Gestor do Pacto pela Vida e colocou sob a guarda de sua secretaria, recentemente, a Compesa e a secretaria-executiva de Recursos Hídricos.

A ampliação do poder de Stefanni colou nele a pecha de “supersecretário”, termo que tenta repelir por razões que variam da discrição ao receio de provocar ciúmes entre os companheiros de governo. O incômodo com o secretário se manifesta quando entra em discussão a possibilidade dele vir a ser candidato a deputado em 2018 e, assim, tomar os votos de quem está na política há mais tempo.

Stefanni costuma negar que tenha um projeto eleitoral, mas os aliados advertem que a lealdade a Paulo Câmara pode mudar os planos. Apesar de pequenas chamas serem lançadas por fogo-amigo, o secretário recebe mais elogios do que críticas. “Ele sobressai por si só e não pela secretaria de Planejamento porque quem dá a dimensão da pasta é o ocupante. Márcio tem a geografia estadual na ponta da língua e sabe todos os números do Estado”, diz, em reserva, um governista.

'O governador tem a característica de trabalhar calado', defende Stefanni

Stefanni e Fred Amâncio cotados para a disputa eleitoral de 2018

Stefanni sai em defesa do governador e diz que Bruno Araújo é 'agente em campanha'

Márcio Stefanni deixa Fazenda e assumirá Planejamento e Gestão

Outro aliado conta, também sob sigilo, que o respeito do governador por Stefanni cresceu à medida que o secretário foi dando a cara à tapa em nome do governo. Quando era secretário da Fazenda, Stefanni procurou assumir, sem lamentar, o desgaste provocado pelo aumento de impostos no Estado ou pelos números desfavoráveis dos balanços orçamentários estaduais.

Como presidente do comitê do Pacto pela Vida, vem aparecendo na linha de frente da defesa do programa. ”Não é para qualquer um defender o governo em um momento desses de crescimento da violência. Muitos não querem botar a cara nisso. Ele não gosta de aparecer, mas entende que faz parte de sua missão”, afirma um interlocutor do governador.

A missão de defender o governo muitas vezes separa Stefanni da sua costumeira tranquilidade. Sem aumentar o tom de voz, costuma dar respostas ácidas quando questionado sobre a oposição. “A postura da oposição é uma das coisas que tiram ele do sério. Vai para cima mesmo”, reconhece um aliado, reforçando que o embate com os rivais é um ponto fora da curva no estilo discreto de Stefanni.

Em geral solícito com a imprensa, Stefanni não quis se expor ao saber que seria personagem central dessa reportagem. A discrição é tanta que ele é um dos poucos secretários estaduais fora das redes sociais - a última da qual fez parte foi o Orkut. Hoje, no mundo virtual, o secretário se restringe ao Whatsapp, por meio do qual demanda assessores e interage com os amigos de infância de Petrolina.

APROXIMAÇÃO COM O PSB

Funcionário concursado do BNDES e morando no Rio de Janeiro, onde constituiu família - a esposa e as duas filhas são cariocas -, Stefanni se aproximou do governo por meio do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB). Os dois se conheceram em uma reunião de trabalho quando Stefanni representava obanco e o prefeito era secretário estadual de Eduardo Campos. Pouco tempo depois surgiu o convite para que o paraibanoo radicado em território carioca retornasse ao Estado para presidir a Ad Diper.

Da Ad Diper, que dirigiu aos 33 anos, assumiu a secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico e o Porto de Suape. O caminho é quase o mesmo de Geraldo Julio, que também passou por Suape e pelas secretarias de Desenvolvimento Econômico e Planejamento. A ligação com o prefeito é mote para algumas críticas. “Ele é o olheiro de Geraldo dentro do Palácio”, ironiza um deputado estadual.

A boa relação com Geraldo se repete com o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), de quem o pai de Stefanni foi secretário municipal de Saúde em Petrolina. A mãe do secretário foi pediatra dos filhos do senador, o atual prefeito da cidade sertaneja, Miguel Coelho, e o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho.

Em breve, Stefanni terá que decidir se segue o caminho de Paulo, Geraldo e Fernando nas urnas ou se volta para a sede do BNDES, no centro do Rio, e para a tranquilidade do lar que ainda mantém no Humaitá, na Zona Sul da capital carioca.

Últimas notícias