Quatro anos após a morte do ex-governador Eduardo Campos, três parentes dele podem disputar nas urnas, em chapas totalmente diferentes, o legado político da família iniciado por Miguel Arraes. Em um embate direto, o irmão e o filho de Eduardo, o advogado Antônio (Podemos) e o chefe de gabinete do Estado João Campos (PSB), vão tentar uma vaga na Câmara Federal. A vereadora do Recife Marília Arraes busca o apoio do ex-presidente Lula para se cacifar como candidata do PT ao governo do Estado.
Antônio Campos, que deixou o PSB em fevereiro disparando contra o governo Paulo Câmara, adiciona um elemento a mais na disputa familiar. Diz que a mãe, Ana Arraes, pode voltar a disputar cargos eletivos. Ministra do TCU, ela teria que deixar o cargo seis meses antes do pleito e voltar a se filiar a um partido político. “Os olhos dela acendem quando fala em política”, diz o advogado.
Uma pesquisa encomendada por Antônio mostra que Ana Arraes pontua bem para o Senado. O levantamento também testa os nomes de Marília e dele próprio para o governo. O advogado adianta, porém, que os planos são concorrer para deputado federal. “João terá muitos votos e a proteção da atual gestão estadual. Quem vai ter que suar camisa sou eu”, avalia. No mês passado, ele se filiou ao Podemos, partido ligado ao grupo do senador Armando Monteiro (PTB).
Marília Arraes diz não se sentir incomodada com as diferentes candidaturas da família. “Eu sempre procurei separar as relações familiares da política. As minhas críticas e posições são independentes disso”, justificou. A vereadora que se reuniu com Lula na última semana evitou cravar se será candidata ao governo. Recém-chegada ao partido, ela ainda enfrenta resistência dentro da sigla.
'ARRAES NÃO É PROPRIEDADE'
“A luta e o nome de Arraes não são propriedade de um partido ou de uma família. Ele faz parte da história de lutas do Brasil e da esquerda. Não vou fazer uma disputa por legado ou sobrenome”, garantiu a petista, ao ser questionada se citaria os nomes de Arraes e de Eduardo na campanha. Juntos, os dois conquistaram cinco mandatos como governadores.
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O JC tentou ouvir João Campos, mas ele não quis se pronunciar. No PSB, é certo que ele concorrerá à Câmara Federal. No interior, a presença do “herdeiro de Eduardo” também pode turbinar o palanque de Paulo Câmara. Só em junho, o jovem de 23 anos passou por dez cidades do Estado em agendas oficiais, inaugurações ou no São João. Ele também apoiou Luiz Carlos (PSB) em Belo Jardim, que terminou em segundo na eleição suplementar.
O presidente do PSB-PE, Sileno Guedes, também foi procurado, mas afirmou, por meio de sua assessoria, que ainda não há candidaturas postas e que não iria se pronunciar.