ENTREVISTA

Haddad sobre Temer: Estamos em um círculo vicioso de fisiologismo

Ex-prefeito de São Paulo estará no Recife próxima sexta (11) e avalia que governo de Temer está desacredita e esquece áreas prioritárias

Marcela Balbino
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Marcela Balbino
Publicado em 06/08/2017 às 8:05
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Ex-prefeito de São Paulo estará no Recife próxima sexta (11) e avalia que governo de Temer está desacredita e esquece áreas prioritárias - FOTO: Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
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Ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, o petista Fernando Haddad é cotado para entrar na disputa presidencial caso Lula (PT) seja impedido pela Justiça. Em entrevista à repórter Marcela Balbino, o político disse que tem trabalhado no plano de governo do PT, fez críticas as reformas de Temer e avalia que Bolsonaro faz “fundamentalismo fake”. Haddad estará no Recife na próxima sexta (11), onde dará duas palestras, uma na UFPE e outra na Unicap. Veja, aqui, a primeira parte da entrevista.

JORNAL DO COMMERCIO - O senhor avalia que Temer consegue terminar o mandato ?

Haddad - É muito difícil julgar. Uma parte expressiva do Congresso está votando com o olhos voltados para o interesse pessoal. E não com os princípios e valores que deveriam nortear aquela casa. Estão votando por conveniência.

JC - Acredita que as reformas propostas pelo Temer são saída para crise, como ele prega?

Haddad - Saiu uma notícia nos jornais que as empresas vão se valer agora das novas leis trabalhistas. Então vai haver terceirização e desestatização, mas não há garantia nenhuma que isso se traduza em mais investimento. Ou seja, vai engordar os lucros das empresas sem nenhuma garantia de que haverá investimentos justamente em função da insuficiência de demanda. O trabalhador não demanda. Cortando o salário ele vai demandar mais?

JC - Se o PT voltar para o governo federal, e no caso das reformas serem aprovadas agora, as mudanças serão revistas?

Haddad - Primeiro, temos que retomar o projeto de desenvolvimento econômico. Isso passa por três frentes de trabalho: uma é política externa mais forte, pois hoje a que temos é uma subserviência aos interesses americanos, retomar os investimentos em infraestrutura e retomar os investimentos em educação. Sem isso, a economia não cresce. E, se a economia não cresce, você sequer consegue desfazer as maldades perpetradas pelo atual governo.

JC - Essas são as áreas esquecidas pelo atual governo?

Haddad - Completamente. A política externa inexiste, o investimento público está em seu pior momento em décadas e basta ler os jornais para ver como está a política educacional do país. Hospitais universitários ameaçados, universidades ameaçadas. Ou seja, há um desmonte de tudo aquilo que fizemos pela educação. As políticas adotadas pelo governo Temer são todas recessivas. O problema não é a despesa, mas a receita. O governo está sem receita porque está adotando uma política que não contribui com a atividade econômica. Eles anunciaram que se aprovassem a PEC do Teto, não haveria aumento de tributos. Aprovaram a PEC e, na sequência, aumentaram os tributos. E isso serve a quê? Liberar emenda parlamentar para garantir base de apoio? Ou seja, nós estamos em um círculo vicioso em que o fisiologismo é adotado para manter um governo desacreditado. Não é um aumento de impostos para aumentar o investimento, não é um aumento de impostos para reativar a economia. É para gastar imediatamente na compra de apoio parlamentar.

 

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