Política

Os protestos e o cansaço

Saímos ás ruas para saber porque os protestos não estão ocorrendo e o que a população pensa

Vinícius Sales
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Vinícius Sales
Publicado em 14/08/2017 às 20:23
Igo Bione/JC Imagens
Saímos ás ruas para saber porque os protestos não estão ocorrendo e o que a população pensa - FOTO: Igo Bione/JC Imagens
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De 2013 a 2016 o País passou por uma onda de protestos que modificou o jeito de o brasileiro lidar com política. Contudo, no ano de 2017, esses mesmos protestos minguaram, caracterizando um esvaziamento.

O JC foi às ruas saber a opinião popular sobre as manifestações e qual o motivo delas terem, aparentemente, cessado.
Para o vendedor Everaldo Peres, 72 anos, o trabalho do dia a dia acaba impedindo que haja mais protestos por parte da população. “Tudo o que está errado deve ser protestado. É necessário haja protestos. Eu não vou porque estou sempre ocupado, tenho meu emprego e muita gente também. Mas apoio quem vai.”

O comerciante Wilton Andrade, 32, entende que o cansaço com os esquemas de corrupção acaba impedindo novas manifestações. “Eu penso também que as pessoas largaram de mão, porque você vai lá, protesta e aí nada muda. Você protesta de novo e novamente nada muda. O povo tá cansado, sabe? Recentemente, eu vi um vídeo de uma garota na internet queimando o título de eleitor.”

A costureira Rosilda Maria da Silva, 52, argumenta que o medo pode acabar impedindo uma ação mais reativa do povo, porém reforça que é necessário protestar. “Muitos que não vão possuem empregos públicos. Eles acabam com medo de sofrer algo e perder o emprego, o povo está cansado. Mas se está errado tem que protestar.”

Rinaldo Azevedo justifica a morosidade das manifestações por conta do cansaço geral. “Eu penso que o pessoal está cansado e não sabe pra onde pedir socorro, porque não tem aquela liderança pra motivar o povo.”

Esquerda e Direita

Em entrevista ao JC, Carlos Veras, presidente da CUT-PE, reitera que a esquerda está se manifestando e chama a atenção da falta de mobilização por parte do outro lado do espectro político.
“Nós estamos fazendo muitas atividades e manifestações, mas não conseguimos barrar os ataques aos nossos direitos. Uma coisa que se deve perguntar é o porquê dos movimentos de direita não estarem indo às ruas, porque nós estamos nas ruas e vamos preparar uma nova greve para barrar a reforma da Previdência.”

No contraponto, Leandro Quirino, Presidente do Direita Pernambuco, conta a dificuldade logística que os movimentos de direita têm em organizar eventos.
“Manifestações vão ocorrer. Não da mesma forma e com o mesmo foco do impeachment, mas irão acontecer com temas pontuais. Como segurança pública e em defesa do voto impresso. Mas eu penso que temos que analisar, porque a esquerda sempre estará na rua. Ela tem o financiamento público, ao contrário de nós, que não temos financiamento partidário, nem do setor privado. Dependemos totalmente de contribuições das pessoas que apoiam a causa.”

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