Com o pé fora do PSB para capitanear um novo polo de oposição no Estado, o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho (PSB), virou alvo preferencial dos socialistas durante a audiência pública para debater a privatização da Chesf, realizada ontem na Assembleia Legislativa (Alepe). Ele está à frente da desestatização da Eletrobras, vista no governo como um calo na corrida para 2018. O grupo político do seu pai, o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) deve migrar para o PMDB, levando o partido para a oposição ao governador Paulo Câmara. O processo pode ser concretizado hoje em reunião com o presidente da sigla, o senador Romero Jucá.
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Fernando entrou para a pasta à revelia da Executiva Nacional do PSB e vem defendendo ideias contrárias à legenda, como as reformas do presidente Michel Temer. A privatização da Eletrobras é mais um dos fatores de divisão. As frentes parlamentares em defesa da Chesf em Brasília e na Alepe são presididas por deputados do PSB.
Coordenador de um dos grupos, o deputado Danilo Cabral (PSB) vai pedir a suspensão da decisão de privatização. “Eu acho que esse é mais um episódio que vai manifestar essa divisão. O fato é que o ministro não representa o PSB. A direção do partido já se manifestou. Ele não chegou lá em nome do PSB. Esse movimento que ele fez deflagrando esse processo de privatização, nega a história do partido. O PSB sempre teve uma posição muito clara em nome da soberania nacional”, disse Danilo.
Outro socialista que também criticou a postura do ministro foi o deputado federal Tadeu Alencar. Ele afirmou que “infelizmente” a medida de privatizar a Chesf partiu de “um pernambucano e infelizmente um ministro do meu partido”. “Eu não posso deixar de lamentar que o meu partido, não porque pense assim, mas um militante ou um filiado ao partido esteja patrocinando uma ideia que eu considero nociva ao interesse nacional, ao Nordeste e a Pernambuco”, declarou. “Não posso considerar senão como crime de lesa pátria. Estamos sendo lesados muito fortemente”, comparou.
As reprovações também foram lembradas por deputados estaduais. “A Chesf é um patrimônio do povo brasileiro. Os homens e mulheres que atuam na vida pública tem que ter responsabilidade de agirem de acordo com o interesse da maioria. Obviamente o julgamento vai ser feito pela sociedade em um momento hábil”, disparou o líder do governo, Isaltino Nascimento (PSB). Ele lembrou que a lei nº 10.848/2004 exclui a Eletrobras e suas subsidiárias do programa nacional de desestatização.
Já Lucas Ramos (PSB) diz que o “agravante” é o fato de Fernando Filho se dizer “filho de Petrolina e conhecedor da importância do Rio São Francisco”. “Me parece que esqueceu a origem, desconhece o que propõe o PSB quanto ao fortalecimento das estatais”, comenta.