Um ministro de um partido aliado precisa ir do Instituto Ricardo Brennand, na Várzea, para um hangar no Aeroporto do Recife, a 15 quilômetros de distância. A solução do governo do Estado foi pagar quase R$ 5,5 mil por um helicóptero fretado que teve como único passageiro o ministro da Integração, Helder Barbalho (PMDB), que participava de uma reunião da Sudene em setembro do ano passado e queria chegar rápido em Brasília.
Desde 2015, o governo Paulo Câmara já gastou R$ 5,6 milhões com o aluguel de aeronaves. Entre janeiro e junho deste ano foram R$ 1,3 milhão. Os voos de julho e agosto ainda estão com os valores em tramitação no Portal da Transparência. No total, foram 119 viagens pagas pela atual gestão. As agendas incluem reuniões com ministros e empresários, vistorias de obras e até sessões solenes do Congresso Nacional ou missas no interior.
Cada uma das 34 idas a Brasília em avião fretado custa R$ 100 mil. Os trechos no Estado são mais baratos. Varia entre R$ 19 mil e R$ 25 mil o desembolso para que o governador voe até os locais dos encontros do programa Pernambuco em Ação, em que apresenta as ações realizadas pelo governo. O projeto surgiu de uma cobrança para que Paulo pudesse circular mais pelo interior do Estado no ano pré-eleitoral. Organizadas pelo próprio Palácio, as agendas são marcadas com antecedência.
Não raro, Paulo Câmara costuma dar carona nos voos oficiais a deputados aliados, federais e estaduais, além dos secretários das pastas. Em maio, após as chuvas na Mata Sul, o pernambucano fez questão de pousar em Maceió para levar a Brasília o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB).
O QUE DIZ O GOVERNO?
Segundo a assessoria do Palácio do Campo das Princesas, a orientação da Casa Militar é para que o governador se desloque apenas por meio de voos fretados. Ao assumir, Paulo Câmara teria baixado uma determinação para optar preferencialmente por voos comerciais nas viagens para fora do Estado e pelo deslocamento de automóvel dentro de Pernambuco. O veículo é definido com base em critérios como a urgência da agenda, a economicidade, a rapidez e a mobilidade.
O governador já realizou 150 viagens administrativas para fora de Pernambuco. Dessas, 93 teriam utilizado voos comerciais, segundo sua assessoria. Fora do Recife, foram 186 deslocamentos por meio de automóveis e 41 por meio de avião ou helicóptero.