O governador Paulo Câmara, vice-presidente nacional do PSB, deu o aval para que parlamentares que não estão satisfeitos com a legenda deixem a sigla na próxima janela partidária. Parlamentares socialistas têm conversado com outros partidos, como o DEM e PMDB. O exemplo concreto mais recente é a migração do senador Fernando Bezerra para o PMDB, ampliando a oposição ao governo do socialista. O DEM também tenta atrair insatisfeitos.
“Cabe a cada parlamentar do partido que tenha projetos diferentes do que pensa o partido de ter a condição na próxima janela, de procurar esses rumos. A gente vai buscar que o partido fique unido, que o partido tenha a coerência política, que apresente um projeto de 2018”, afirmou Paulo Câmara, na tarde dessa segunda-feira (25), após a solenidade de conclusão dos trabalhos da Comissão da Verdade, no Palácio do Campo das Princesas.
O mal-estar no partido vem desde que Michel Temer (PMDB) chegou ao poder e o PSB assumiu uma postura oposicionista, com a Executiva orientando votos contrários a questões como as reformas trabalhista e da Previdência. Alguns nomes da bancada votaram favoráveis às alterações nas leis trabalhistas, o que gerou a abertura de processos no conselho de ética da legenda.
Paulo também vai na contramão do que fez o ex-governador Eduardo Campos, que captou para o PSB parlamentares de outras siglas, que não tinham um envolvimento com o partido, afirmando que devem permanecer na legenda aqueles que se identificam com os valores socialistas. “Para apresentar esses projetos (para 2018), precisa ter nos seus quadros pessoas comprometidas com ele. A gente não vai perseguir o crescer por crescer. A gente quer crescer com qualidade, programaticamente, e buscando o ideal que é um Brasil melhor”, acrescentou.
OPOSIÇÃO
Nessa segunda (25), no Fórum Nordeste 2017, o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), voltou a afirmar que a conversa com membros do PSB insatisfeitos seguem no sentido de uma migração para o DEM. No entanto, a expectativa de crescimento da bancada do partido diminui. Em julho, Mendonça falava em chegar a 50 deputados federais. Ontem, o número apresentado foi de 40. “Nós imaginamos que nós vamos superar a casa dos 40 parlamentares. Hoje a gente tem 31 deputados e há uma tendência clara de aumento do número de parlamentares”, disse.
O ministro também negou que haja um desentendimento com o PMDB por conta do assédio a parlamentares do PSB. “Não está tendo uma briga entre Democratas e PMDB. A rigor, o processo de migração de parlamentares do PSB para o DEM está se dando dentro de um clima de entendimento e normalidade. Aqui e acolá você ter uma fonte maior de dúvida de interpretação, é natural do processo político, para mim, pelo menos”, afirmou.
Cotado para disputar o Palácio do Campo das Princesas, o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho (PSB), afirmou que vai esperar a janela partidária para tomar uma decisão sobre a saída do PSB. Com o pai no PMDB, ele adiantou que os arranjos locais serão imperativos na escolha de para quais partidos os socialistas irão.
“Nós avançamos em muitas conversas com o presidente (da Câmara) Rodrigo Maia, com o ministro Mendonça Filho. Tem boa parte da bancada do PSB que já sinaliza a intenção de quando tiver uma janela partidária poder se movimentar em direção ao DEM. E alguns a outros partidos”, disse Fernando Filho.
À frente da privatização da Chesf, o ministro buscou rebater a tese de que a venda da estatal pode ter impacto em uma candidatura. “Estamos caminhando para gerar uma das maiores empresas de energia do mundo. E um de seus maiores acionistas será o Estado brasileiro”, defende.