A movimentação do governador Paulo Câmara (PSB) para acomodar o PDT no Estado com vistas a 2018 deve gerar uma dança nas cadeiras no Executivo, que terá repercussão em pastas importantes da gestão. A aposta mais provável é que Antônio Figueira (PSB), um dos nomes mais fortes da administração, deixe a Casa Civil. O grupo do ex-prefeito de Caruaru José Queiroz (PDT) deve emplacar Wellington Batista (PDT) para a Secretaria de Agricultura. Nessa terça-feira (26), o dia foi de especulações sobre o destino de Nilton Mota (PSB), atual titular da pasta, que deve continuar no governo. A mais forte delas é que ele assuma a Casa Civil.
Pesa a favor de Nilton o fato de ele conhecer todos os deputados estaduais e um bom número de prefeitos, o que pode ser estratégico para o governo. Ao mesmo tempo, há queixas de que ele tinha dificuldade de atender aliados na Agricultura. Se for turbinado na gestão, o nome do socialista também pode gerar ciumeira porque ele ganharia uma máquina para impulsionar sua candidatura no próximo ano.
A permanência de Nilton no governo evita enfraquecer o PMDB na Alepe no momento de fragilidade da legenda. Se o socialista voltasse ao Legislativo, ocuparia a vaga que hoje é exercida por Gustavo Negromonte (PMDB), reduzindo de três para dois parlamentares o espaço da sigla na Casa. Para continuar licenciado, porém, é preciso que Nilton continue no primeiro escalão do governo, como titular de alguma secretaria ou na presidência de algum órgão público.
Com o governador Paulo Câmara em Brasília, ninguém no Palácio arriscava comentar o destino de Nilton dentro da administração. Deputados da base questionaram interlocutores do governo durante todo o dia, preocupados com os reflexos da mudança na corrida eleitoral. Houve queixas ao fato de a reforma não ter sido avisada previamente à base, no momento em que o governador tem pedido coesão para enfrentar a nova frente de oposição.
PDT ENTRA
No lado do PDT, a acomodação da legenda no governo vinha sendo costurada pelo deputado federal Wolney Queiroz (PDT). A aliança é uma tentativa de ampliar o palanque de Paulo Câmara para as eleições de 2018.
Na eleição de 2014, o PDT compôs a principal chapa opositora a Paulo Câmara, com o ex-deputado federal Paulo Rubem, hoje no PSOL, na vice de Armando Monteiro Neto (PTB). O acordo foi uma decisão da Executiva nacional do PDT. Nomes do partido, como José Queiroz e Wolney Queiroz, permaneceram aliados de Paulo Câmara.
Por conta desse apoio, o PDT considerava que estava tendo seu espaço reduzido dentro dos espaços socialistas. Wellington Batista ocupou, até o final de janeiro, o cargo de secretário executivo de articulação social na Prefeitura do Recife. Com a reforma administrativa de Geraldo Julio (PSB), a função foi extinta. Até dois meses atrás, o PDT ocupava outro cargo de segundo escalão no governo do Estado, com Anselmo Pereira na direção geral do Pró-Rural.
Na base socialista, a entrada do PDT era esperada. “Era algo que vinha sendo conversada e e há uma afinidade de longa data”, afirma um socialista. Além de aproximar o grupo dos Queiroz do palanque de Paulo Câmara para 2018, o ingresso do PDT no governo do Estado aumenta a polarização em Caruaru, que tem como prefeita Raquel Lyra (PSDB). A tucana deixou o PSB para disputar as eleições no ano passado. No entanto, no segundo turno, tanto Wolney quanto José Queiroz, que estava deixando a prefeitura, apoiaram Raquel.
ACOMODAÇÕES
Procurada, a assessoria do Palácio do Campo das Princesas afirmou que o governo não iria se pronunciar sobre a saída de Nilton Mota da pasta de Agricultura. Esta não é a primeira vez que Paulo Câmara mexe no seu secretariado para acomodar um aliado. Em julho, ele puxou Kaio Maniçoba (PMDB), eleito pelo PSL, para garantir na Câmara uma vaga para Luciano Bivar (PSL).