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Paulo Câmara tira Figueira da Casa Civil e chama Nilton Mota para cargo

Uma principais pastas do governo tem troca de comando a um ano das eleições estaduais

Mariana Araújo e Paulo Veras
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Mariana Araújo e Paulo Veras
Publicado em 28/09/2017 às 7:02
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Uma principais pastas do governo tem troca de comando a um ano das eleições estaduais - FOTO: Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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A um ano da campanha pela reeleição, o governador Paulo Câmara (PSB) mudará a correlação de forças no governo com a dança das cadeiras no primeiro escalão confirmada ontem pelo Palácio do Campo das Princesas. A principal mudança será na Casa Civil, que sai do comando de Antônio Figueira (PSB) e passa para Nilton Mota (PSB), que está deixando a Agricultura. Figueira passa a chefiar a Assessoria Especial, órgão com status de secretaria ligado diretamente ao governador. Mas, na prática, é uma queda de poder de articulação política. Nessa terça (27), o JC havia ventilado a troca de comando na Casa Civil. 

A Casa Civil é uma porta de entrada de prefeitos e deputados no governo. De lá, Nilton Mota poderá “turbinar” sua candidatura à Alepe no próximo ano, segundo alguns nomes ligados ao governo ouvidos pela reportagem.

Braço-direito do governador,José Neto, que deixa a chefia da Assessoria Especial, será secretário-executivo da Casa Civil. Welligton Batista foi confirmado o nome do PDT para a Agricultura. A posse coletiva será nesta quinta-feira (28), às 14h30, no Palácio.

Entre governistas, a troca foi vista como “natural”. “Não há uma alteração por uma razão específica. Foram mantidas as mesmas peças em locais diferentes, sem mudança de rumo ou de política”, disse o deputado federal Tadeu Alencar (PSB), que já ocupou a Casa Civil no governo de Eduardo Campos.

Internamente, socialistas comentam que haverá uma mudança de estilo na condução da política do governo com aliados. A aposta é que será uma oportunidade para o governo oxigenar as relações com suas bases.

Figueira é criticado pela maneira áspera de tratar os correligionários. Alguns consideram que as críticas feitas à sua atuação são injustas, pois muitas demandas dependem de outras pastas. “Figueira é um dos caras mais trabalhadores no serviço público”, disse um socialista em sua defesa. “Não é fácil tocar as demandas da Casa Civil num período de crise econômica”, acrescentou outro nome.

Com a ascensão de Nilton, quem também ganha força é o deputado federal Danilo Cabral (PSB), primo do novo secretário que faz dobradinha com ele na campanha eleitoral. Servidor da Fazenda, Mota já passou pela Secretaria de Educação e pela Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab) no governo Eduardo Campos e foi secretário de Infraestrutura e presidente da URB na gestão Geraldo Julio (PSB), antes de chegar à Agricultura. Como disputará a reeleição para o Legislativo, ele deve seguir na condução da Casa Civil apenas até abril do próximo ano.

Entre os governistas, há uma aposta de que Figueira não deixe totalmente a atuação no governo e pode dividir parte da articulação na área política. “Ele sabe todo o funcionamento do governo, para o bem ou para o mal. Entende como foi pactuada cada ação, cada acordo e cada demanda. Certamente continuará tendo papel importante”, explica um socialista em reserva.

HISTÓRICO

Figueira foi assessor especial no governo Miguel Arraes na década de 80. Em 2005, assumiu a gestão do Imip, fundado pelo seu pai, o professor Fernando Figueira. Em 2011, chegou a Secretaria de Saúde na segunda gestão Eduardo. Seu período na pasta corresponde ao crescimento das organizações sociais, as OSs, nas gestões de hospitais estaduais e UPAS - a principal delas é o Imip.

Amigo de Eduardo Campos, Figueira assumiu papel de coordenação na campanha de Paulo Câmara em 2014. Foi isso que o credenciou para a Casa Civil no início da atual gestão, quando o governador precisava de alguém que tivesse desenvoltura política. Ao aceitar entrar no governo, ele teria deixado claro que não assumiria a Saúde novamente. Assim, ele se tornou um dos nomes mais poderosos da administração. Como parte do cargo, porém, Figueira ficou na linha de queixas de demandas políticas não atendidas pelo Estado.

Essas críticas influenciaram a decisão pela saída dele da Casa Civil. Assim como o interesse do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, para que o partido assumisse uma pasta mais robusta, com ação nas bases. Como a Educação é vitrine da atual gestão, os socialistas preferiram abrir mão da Agricultura para garantir na Frente Popular um partido que apoiou oficialmente o senador Armando Monteiro Neto (PTB) na campanha de 2014 e pode ajudar no tempo de TV, caso o senador Fernando Bezerra Coelho consiga mesmo levar o PMDB para a oposição.

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