Nomes do PT admitem uma possibilidade de aliança com o PSB num segundo turno ao governo estadual em Pernambuco ou caso os socialistas venham a apoiar a candidatura de Lula à presidência no próximo ano. O assunto ainda é tratado como tabu dentro das bases petistas. No comando do partido, o entendimento é que o anúncio precoce da aliança poderá afastar os militantes mais arraigados do PT, com uma rejeição maior até do que foi o anúncio de Armando Monteiro Neto (PTB) para o governo em 2014. Ontem, o nome de João Paulo foi ventilado para uma vaga no Senado, em uma aliança com o PSB, conforme publicou o colunista Giovanni Sandes, deste JC.
O PT sente a falta de aproximação concreta do PSB, que ainda não fez um gesto favorável a Lula, por exemplo. Outro entendimento é que, caso a candidatura do PT não se viabilize, o partido se veria praticamente sem opção de aliança, pois não buscaria um acordo com o bloco PSDB-DEM nem com o senador Fernando Bezerra Coelho (PMDB).
Uma das opções do PSB é oferecer uma vaga ao Senado ao PT e o nome preferido é de João Paulo. O ex-prefeito ganha força porque o senador Humberto Costa (PT) já estaria articulando sua candidatura à Câmara dos Deputados, desistindo do Senado.
Interpretações políticas se fazem por pequenos gestos. João Paulo e Paulo Câmara estiveram juntos em um evento na Alepe, em agosto. Os dois saíram juntos e tomaram um café no chamado buraco frio. Paulo Câmara recebeu o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, num final de semana, no Palácio. As fotos do encontro foram divulgadas pelo governo. Dias depois, Lula esteve no Recife e foi até a casa de Renata Campos. Lá estavam Paulo e Geraldo Julio. O grupo se deixou fotografar e também divulgou as fotos em redes sociais.
O que diz o PT?
Oficialmente, a afirmação do PT é que não se fala em alianças para 2018 dentro do partido, nem estão se discutindo nomes. “Temos uma resolução aprovada no partido de que teremos candidatura própria. Não está havendo diálogo com o PSB”, afirmou o presidente do PT-PE, Bruno Ribeiro.
João Paulo disse recebeu com surpresa a citação ao seu nome. “Temos um senador em exercício (Humberto Costa), com uma atuação de destaque, na liderança da oposição”, disse.
Questionado se é possível o PT ter um candidato ao Senado na chapa do PSB, o deputado Isaltino Nascimento, líder do governo Paulo na Alepe, trata a aliança como uma “possibilidade objetiva”. “A gente tem mais identidade do ponto de vista programático e histórico nos 70 anos do PSB e mais de 30 anos do PT, do que divergências. Eu acho que tem essa possibilidade objetiva na minha ótica”, argumenta.