Em um protesto em defesa do uso farmacêutico de derivados de cannabis, um grupo de mães deu óleo de maconha para os filhos durante uma audiência pública da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Dez crianças portadoras de doenças raras receberam o produto, que é feito de forma natural e usado para reduzir crises e amenizar a dor.
A manifestação ocorreu durante um debate sobre a proposta de gratificação de policiais civis e militares. Uma emenda do deputado Joel da Harpa (Podemos) incluía a maconha no rol de drogas cuja apreensão permite o recebimento do benefício, como a cocaína e o crack. Além das mães, um médico e representantes de movimentos sociais também se manifestaram contrários à gratificação para apreensão da substância.
Ao final do debate, o próprio Joel se comprometeu a discutir a revisão da proposta com os demais parlamentares, apesar de sustentar que o tráfico tem papel central na crise de segurança que o Estado atravessa. Ele ressaltou que é preciso criar mecanismos para punir os traficantes que não mirem os usuários. "Se fosse eu no lugar de vocês, faria a mesma coisa. Plantaria também", afirmou para as mães.
SEM ADOLESCENTES
Relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça, o deputado Antônio Moraes (PSDB) disse que não incluir no texto a emenda de Joel. Responsável por convocar o debate, o deputado Edilson Silva considerou a posição de Joel uma vitória.
Mais cedo, o governo do Estado também havia anunciado, por meio de nota, a retirada de outro trecho polêmico da proposta, o que incluía a detenção de adolescentes em conflito com a lei entre as medidas que poderiam servir para a gratificação.