Para tucanos pernambucanos, a renúncia do senador Aécio Neves à presidência nacional do PSDB pode preservar o partido de um desgaste político perante a opinião pública no momento em que a legenda já passa por divisões, inclusive quanto ao melhor nome para disputar o Planalto no próximo ano. No início da semana, o Senado livrou Aécio das medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), como afastamento do mandato e recolhimento noturno. O mineiro é investigado por ter pedido R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS.
“Ele renunciar por conta própria e deixar o partido tocar sua agenda seria o ideal”, afirma o deputado federal Daniel Coelho, líder dos “cabeças pretas”, a ala jovem do partido. “A gente viu os parlamentares pedindo para que ele possa se dedicar a sua defesa. Não vejo ganho nenhum em se esperar o Congresso (do PSDB, em dezembro). O partido fica preso a uma pauta que não é do partido. Se ele sair, a gente tira esse assunto da pauta”.
Presidente do PSDB em Pernambuco, o deputado estadual Antônio Moraes diz que a renúncia de Aécio seria excelente para o partido, até por conta do momento de confusão vivido dentro da legenda. “Por outro lado, eu acho que essa questão deveria ser tratada internamente. Não da forma como o presidente Tasso colocou. A gente tem um organograma já traçado, com um congresso nacional daqui a dois meses para resolver essa questão da presidência de forma definitiva. Talvez fosse muito menos traumático para o partido”, explica. Moraes também defende que se evite aumentar a divisão interna no partido. “Era importante que as pessoas entendessem que o partido é maior que Alckmin, que Aécio, que Dória, que todos eles individualmente”, ressalta.
Melhor para Aécio
Para o deputado federal Betinho Gomes, não seria apenas bom para o partido que o senador se afastasse definitivamente da presidência, mas para o próprio Aécio, que poderia focar melhor na sua defesa. “A pressão é no sentido de preservar o senador e o próprio partido. A gente não pode ser individualista. O partido está sob desgaste, sendo pressionado pela opinião pública. Seria de bom senso que houvesse esse movimento. Agora, ele é unilateral. Se não vier, nos resta aguardar a convenção nacional. O próprio Aécio poderá sair menor desse processo se esperar a convenção. Ele poderia fazer um gesto de grandeza para se afastar agora”, argumenta.
O JC procurou o ministro das Cidades, Bruno Araújo, através de sua assessoria, mas não conseguiu localiza-lo para comentar a questão. O ministro estava em uma agenda oficial no interior do Maranhão.