ELEIÇÕES 2018

Em 2018, Paulo Câmara pode ter menos tempo de TV que oposição

Podendo perder o robusto PMDB, Paulo Câmara mira apoio de partidos médios para ter tempo competitivo em 2018

Paulo Veras e Renata Monteiro
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Paulo Veras e Renata Monteiro
Publicado em 18/11/2017 às 15:00
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Podendo perder o robusto PMDB, Paulo Câmara mira apoio de partidos médios para ter tempo competitivo em 2018 - FOTO: Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Tempo de TV e fundo partidário. As articulações políticas que se desenvolverem em Pernambuco até o próximo ano terão impacto direto em cima destes dois pilares, fundamentais para que qualquer candidato tenha um bom desempenho eleitoral. O governador Paulo Câmara (PSB), até agora o único postulante confirmado no pleito de 2018 em âmbito estadual, tem uma equação de difícil solução nas suas mãos. Ante a possibilidade de perder o seu maior aliado, o PMDB, e resistente em retomar a parceria que tinha com o PT, o socialista pode acabar com menos tempo de rádio e TV do que os opositores.

Além da propaganda eleitoral, os recursos do fundo partidário e do Fundão Eleitoral também são distribuídos de acordo com o número de parlamentares de cada partido. Em uma campanha sem doações empresariais, eles tendem a ser a principal fonte de financiamento dos candidatos.

Desde 2014, Paulo já abriu mão do apoio de PSDB e DEM, duas agremiações robustas. O PMDB vive um cabo de guerra entre o senador Fernando Bezerra Coelho e o deputado federal Jarbas Vasconcelos, mas o primeiro confia que assumirá o comando da legenda em dezembro.

arte partidos

Mudanças trazidas pela Reforma Eleitoral de 2015 (Lei 13.165/2015) determinam que, de todo o tempo de propaganda eleitoral, 90% serão distribuídos proporcionalmente ao número de representantes que os partidos tenham na Câmara dos Deputados. Os 10% que restarem serão distribuídos de forma igualitária. A regra é a mesma para as inserções.

Hoje, os seis maiores partidos garantidos na chapa do governador (PP, PSD, PSB, PDT, SD e PCdoB) somam 164 deputados federais. Os da oposição (PSDB, DEM, PRB, Podemos, PTB e Avante) juntam 136 parlamentares. Maior partido no Congresso, o PMDB daria à oposição 190 representantes na Câmara. Segunda maior bancada (57 deputados), o PT pode ser o fiel da balança, mas no Palácio ainda se tem a avaliação de que os petistas terão candidato próprio no primeiro turno, embora avaliem que a sigla precisará de alianças para manter a bancada na Alepe e voltar a eleger deputados federais.

É com base nessa conta que o governador tem feito gestos para consolidar o apoio de PDT e PP, mantendo conversas com outras siglas como o Solidariedade. “Se ocorrer um revés com o PMDB, a gente precisa ter o resto do nosso lado para ter um tempo competitivo”, admite um governista, em reserva. O partido vale pelo simbolismo político de Jarbas, candidato posto ao Senado na chapa de Paulo, mas também pela estrutura que inclui fundo eleitoral e tempo de TV.

Na oposição, já há a sensação de que se for possível costurar um palanque unindo Armando Monteiro Neto (PTB), Bruno Araújo (PSDB), Bezerra Coelho e Mendonça Filho, há uma possibilidade real de ter mais tempo de propaganda e mais recurso de campanha que o palanque do governador. A leitura de um grão oposicionista é que o Palácio tem negociado secretarias para viabilizar apoios que permitam equilibrar a disputa.

O peso do PMDB

Segundo a cientista política Priscila Lapa, pautas como a falta de segurança no Estado estão roubando a atenção de Paulo, que não pode deixar de correr atrás de apoio para sua reeleição. “O PMDB é um partido que, apesar de não vencer uma eleição para governador há algum tempo em Pernambuco, tem uma grande base eleitoral. Em relação ao PT, o que Paulo tem que calcular é que, neste momento, todo apoio é bem-vindo. Apesar de seu governo ter pontos negativos, eu o vejo como favorito até agora, mas ele não pode perder o time para reagir, tem que aproveitar que ainda não há um candidato de oposição. Quanto mais ele demora, mais se enfraquece”, pondera a estudiosa.

Para o senador Humberto Costa (PT), uma aliança com o PSB não pode ser descartada, embora diga que a disposição atual do partido é para o lançamento de uma candidatura própria. “Temos situações com o PSB que ainda não foram superadas, como o apoio deles em relação ao impeachment e as eleições de 2012, 2014 e 2016, mas também temos posições assemelhadas, como a oposição ao governo Temer e às reformas. Não será o tempo de TV que vai determinar ou não nossa aliança”, cravou.

A assessoria do Palácio do Campo das Princesas disse que não comenta questões eleitorais. O JC tentou ouvir os presidentes do PSB, Sileno Guedes; do PMDB, Raul Henry; do PT, Bruno Ribeiro; e os senadores Armando Monteiro e Fernando Bezerra Coelho, mas não conseguiu localiza-los.

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