Em uma reunião de mais de 3 horas em São Paulo, o ex-presidente Lula (PT) e a presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, fizeram chegar ao PT de Pernambuco o entendimento de que um apoio à reeleição do governador Paulo Câmara (PSB) estaria atrelado a uma aliança nacional entre o PSB e o PT na campanha presidencial ou, ao menos, em estados estratégicos como Minas Gerais, Espírito Santo, Paraíba e Distrito Federal.
Nessa conta, o PSB ficaria livre para marchar com o PSDB em São Paulo, onde o vice-governador Márcio França (PSB) pretende disputar com apoio do governador e presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB). Em reserva, um petista ouvido por Lula disse que se a aliança com o PT em Pernambuco é tão estratégica para os socialistas, o PSB-PE poderia articular nacionalmente uma discussão mais sólida sobre alianças.
“O PT vai prosseguir com a construção do seu programa de governo, com sua candidatura própria. E articulado com Lula e com Gleisi, com o projeto nacional. Desdobrando alguma aliança no plano nacional, nós avaliaremos em Pernambuco. Mas Pernambuco está absolutamente relacionado ao projeto nacional de Lula candidato a presidente e de restauração da democracia”, afirmou Bruno Ribeiro, presidente do PT-PE.
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No encontro, Lula ouviu muito, mas também opinou sobre os rumos do PT no Estado. Ele estimulou os três pré-candidatos ao governo da sigla a continuarem se movimentando pelo Estado: a vereadora do Recife Marília Arraes, o deputado estadual Odacy Amorim e o militante José de Oliveira. Deixou claro que não havendo alianças, a candidatura própria pode ser um bom caminho. Mas deixou acertado que tanto ele quanto Gleisi irão monitorar permanentemente os rumos do PT-PE.
“Ficou muito claro que não existe uma política de veto do PT a uma candidatura própria em Pernambuco. Lula não fez esse pedido a gente. Ele respeitou a ideia de uma candidatura própria. E a opinião da senadora Gleisi é a que ela colocou na nota. Que o PT busca uma política de alianças com partidos estratégicos voltados para a política nacional”, disse Odacy.
Na nota distribuída após o encontro, Gleisi afirma que o PT trabalha para construir nacionalmente uma aliança eleitoral com PSB, PDT, PCdoB e PSOL. Diz que essa estratégia não impede o PT de Pernambuco de fazer o debate político em torno de uma candidatura própria ao governo do Estado, mas ressalta que no momento adequado as definições sobre candidatura e aliança serão tomadas conjuntamente.
Petistas que defendem a candidatura própria celebraram o fato de o texto ter enfatizado a legitimidade da movimentação, enquanto nomes mais abertos a uma aliança ressaltaram que o espírito da nota admite a possibilidade de uma aproximação entre as duas siglas. Além dos pré-candidatos, caciques do partido como o senador Humberto Costa e os ex-prefeitos do Recife João Paulo e João da Costa também participaram do encontro.
Aos doze pernambucanos, Lula se mostrou confiante na candidatura presidencial e no recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a condenação a 12 anos de prisão em processo de Operação Lava Jato. O JC tentou ouvir a vereadora Marília Arraes, que não retornou os contatos.
O que diz o PSB?
Ao JC, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), destacou a decisão do PSB Nacional de orientar o partido, em todo o País, a realizar coligações com siglas de esquerda. Questionado sobre a aliança que se desenha com o PT em Pernambuco, o socialista disse esperar que as conversas avancem.
"Temos procurado partidos do campo da esquerda para que a gente possa dialogar e fechar uma coligação que possa representar aquilo que o congresso nacional orientou. O PT é uma força política da esquerda, uma força política importante e a gente espera que essas conversas com ele possam avançar. Se a orientação nacional do partido for procurar os partidos de esquerda do campo popular, nós iremos fazer isso. É natural que a gente procure conversar com eles, assim como o PCdoB e PDT e vários outros políticos desse campo", disse.